Tristeza. Esse é o sentimento que transmite a voz de Toninho Oliveira, preparador físico que pediu demissão do Joinville, na última terça-feira, ao ser convidado para exercer a função de auxiliar técnico. Ao seu modo de ver, a troca de cargo seria uma espécie de rebaixamento e o tornaria o bode expiatório para explicar a má fase do JEC neste início de ano. Se tem uma coisa que ele tem certeza é de que “não é o único culpado” pelo momento que o time atravessa.
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Toninho Oliveira daria entrevista coletiva na tarde de terça-feira para ajudar imprensa e torcedores a entenderem por que os atletas do JEC estão enfrentando problemas físicos que têm lotado o departamento médico. Não teve a oportunidade. Na manhã de terça-feira, após uma conversa com o superintendente de futebol César Sampaio, pediu para deixar o clube. Por isso, explicou por telefone à reportagem de “A Notícia“.
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De acordo com ele, o excesso de jogos e de viagens que o Campeonato Catarinense impõe não são os ideais. Além disso, com o desempenho insatisfatório nas primeiras rodadas, aumentou a cobrança sobre a equipe. Jogadores recém-contratados, que não tiveram tempo de fazer uma pré-temporada adequada, precisaram ir a campo na fogueira. Mas em nenhum caso,foi dele a decisão final.
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– A gente comentava: não é o ideal, mas precisamos classificar. Estamos todos no mesmo barco, vamos correr esse risco. Todos sabiam – argumenta.
O profissional está convicto de que o Joinville vai evoluir fisicamente. A semana inteira para trabalhar antes do jogo contra o Inter de Lages, no sábado, seria decisiva para isso. Por isso, foi pego de surpresa com a mudança proposta pela diretoria. Acredita que o processo foi mal conduzido. Agora, aos 55 anos, teme que sua imagem tenha sido manchada pelo episódio.
– Encerraram minha carreira. Vai ser difícil eu voltar a trabalhar. Pela maneira que estou saindo do JEC, fica parecendo que sou o único culpado. Mesmo com meu currículo todo, eles me colocaram uma coisa que não tive culpa – lamenta Toninho Oliveira.
O desgaste
Na terça-feira, havia uma coletiva para explicar o porquê de as lesões terem acontecido. Algumas foram por acidente e outras por excesso de jogo. Fizemos 12 jogos em 36 dias (na verdade, foram 43). Por exemplo, acabou o jogo em Lages e fomos para Criciúma. Se tivéssemos ganhado, ficaríamos com a vaga assegurada, faríamos remanejamento de aletas. Tivemos uma situação parecida em setembro do ano passado, com excessos de viagem e desgaste. O atleta não é uma máquina que se consegue programar.
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As lesões
Todos sabiam (que o Anselmo corria risco de se lesionar). Todos sabiam que a gente precisava se classificar. No caso do Marcelo Costa, a gente não esperava, até pelo histórico. O Suéliton chegou e era para jogar só 50 ou 60 minutos. Tiago Luís, a mesma coisa: chegou, não fez pré-temporada e foi para o jogo. Nós sabíamos disso, da necessidade de ter os jogadores em campo. Chegou o Welinton Júnior e foi para o jogo. Chegou o Kempes, mesma coisa. Chega em um dia e vai jogar no outro. A gente comentava: não é o ideal, mas precisamos classificar. Estamos todos no mesmo barco, vamos correr esse risco.
Saída
Fui comunicado ontem (terça-feira). Acabou o jogo com a Chapecoense e fiquei aliviado, porque sabia que as coisas estavam voltando a se encaixar. Jogamos com um a menos e tivemos chances. Sabia que tinha pressão, até porque tinha uma entrevista coletiva comigo. Mas senti que teria uma semana pela frente e tinha uma programação em cima disso. Realmente, eu não imaginava essa decisão. Estamos a um ponto do segundo lugar, a três do primeiro. Já fui duas vezes vice-campeão com o Joinville. No ano passado, perdemos para o Figueirense, mas cheguei na final. Eu tinha certeza de que chegaríamos na final.
Sentimento
“Eu não saio magoado. Saio triste pelas pessoas que sabiam de tudo isso, que estavam comigo, pela maneira que foi colocado. Encerraram minha carreira. Vai ser difícil eu voltar a trabalhar. Pela maneira que estou saindo do JEC, fica parecendo que sou o único culpado. Mesmo com meu currículo todo, eles me colocaram uma coisa que não tive culpa. Tive participação, mas culpa, sozinho, não tive.”