Plínio Verani, 58 anos, é um artista catarinense, natural de Orleans, e morador de São José desde os quatro anos de idade. Já tocou violino, violão, se formou em Belas Artes, foi professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e, atualmente, faz parte da criação de um Centro de Artes para o meio rural de São Pedro de Alcântara.

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Por toda a experiência, como explicou a prefeitura de Florianópolis, ele foi escolhido ao lado de Sérgio Coirolo para dar forma aos novos bustos da Praça VX, furtados no último dia 8 de agosto. Esses artirtas darão vida estática a Cruz e Sousa, Victor Meirelles, José Boiteux e Jerônimo Coelho. Em entrevista ao Diário Catarinense, Verani falou sobre a arte de retratar figuras históricas.

Diário Catarinense – Quanto tempo você precisa para fazer os bustos?

Plínio Verani – O ideal é não fazer rápido. Quando é bronze a fundição demora de 40 a 60 dias. E antes ainda tem a modelagem para ficar bonito, apesar que neste caso no fundo é uma réplica. Para essa parte o ideal é 30 dias, mas claro que dá para fazer em menos. E também não será uma leitura pessoal da figura histórica porque os bustos foram roubados, infelizmente.

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DC – O que senhor acha que significa este furto para a cidade?

Verani – É lamentável, mas é algo muito recorrente. O estágio cultural do nosso País é tenebroso, isso que aconteceu reflete a falta de apego pela arte e pela nossa história. O País inteiro não preza muito pela memória.

DC – Como o senhor chegou até o Ipuf?

Verani – Tenho uma relação muito antiga com o Ipuf, e obras públicas em prédios. Então toda a equipe do Ipuf conhece o meu trabalho, dentro da área da retratística e estatuária, que tem todo o aspecto histórico dessa questão das origens do busto.

DC – Qual foi o primeiro busto que o senhor montou?

Verani – Nem lembro, eu era garotinho. O seu Téofilo Schütz foi depois disso, e ainda tem dezenas e dezenas. De corpo inteiro tem bustos vários também. Tem um busto do Jorginho Silva pro Morro da Fumaça, que é mais excêntrico. Faço para o exército também. Para a 4ª brigada, fiz o Brigadeiro Silva Paes. Estou terminando dois Duques de Caxias para o Batalhão de Tubarão. Eu não paro nunca.

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DC – O senhor só trabalha com bustos?

Verani – Tem uma vertente do trabalho retratista e toda uma outra vertente de pesquisa. Trabalho no universo da arte. A linha da retratista é uma delas. Gosto da questão da figura humana, e por isso tenho que estudar anatomia, é impossível resolver a figura humana sem ter um domínio anatômico. Aliás, essa é uma cadeiras no Belas Artes, curso que eu fiz em Curitiba na Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

DC – Vai dar um toque pessoal às obras da Praça XV?

Verani – Mesmo sendo uma réplica sempre se dá um toquezinho pessoal. Como os representantes do Ipuf ainda não me contataram pessoalmente, não sei a liberdade que vou ter, mas eu imagino que seja uma réplica.