Rodeado dos netos e da mulher, o piscicultor de Joinville Henrique Salles, 66 anos, passou o domingo em silêncio, reflexivo. Na noite anterior, ele e o amigo Vanderlei Silva, de 40 anos, escaparam da morte em um naufrágio na região de Penha, no litoral do Vale do Itajaí.

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Os dois ficaram por mais de duas horas agarrados em uma caixa de isopor. Só conseguiram sobreviver porque uma lancha dos bombeiros voluntários passou do lado certo, na hora certa.

– Eles estavam a uns 20 metros da gente. Estava muito escuro. Não dava para ver nada. Mas nós bradamos. Se estivessem contra o vento, não iriam nos ouvir – diz o aposentado, que mora no bairro Vila Nova e sempre teve carteirinha de pescador profissional.

Se chegassem minutos depois, revelou ele aos bombeiros que o resgataram, o idoso teria se soltado do isopor e deixaria o mar o levar.

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Os dois joinvilenses estavam com um terceiro pescador, Rodrigo Bremneisen, 31, que também se salvou. A embarcação saiu no começo da noite da Praia Alegre, por volta de 20 horas.

Os pescadores iriam armar redes e não pretendiam sair para o alto mar. Segundo Henrique, quando o vento puxou a embarcação, eles estavam a poucos 20 metros de um trapiche. Com a força das ondas, o barco virou e naufragou.

– Não tinha vento, nada. Estava calmo. Mas foi tão rápido que, quando vimos, já estávamos longe – conta.

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Os dois que não sabiam nadar tão bem deixaram que Bremneisen saísse para buscar ajuda. Pessoas que pescavam com anzol no local jogaram então a tampa de uma caixa de isopor para que os outros dois conseguissem se agarrar e se manter na superfície. Foi o que fizeram.

No entanto, o mar estava revolto, com ondas de mais de quatro metros. Segundo o comandante dos bombeiros de Penha, Johnny Coelho, o vento sul estava forte e chegou a 80 k/h.

Eles só foram localizados após mais de uma hora e meia de busca, cerca de 15 quilômetros distantes de onde o barco naufragou e a 15 km da costa, já na região de Itajuba, em Barra Velha.

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– Não sei como os bombeiros conseguiram nos achar. Eles são heróis – disse Henrique.

Abalado, o pescador não sabe se voltará para o mar. Por enquanto, quer ficar em casa com a mulher e se dedicar aos netos.