O presidente do PSD catarinense, Gelson Merisio, que também preside a Assembleia Legislativa (Alesc), avaliou nesta segunda-feira o desempenho do partido nas eleições municipais do Estado. Foram 61 prefeitos eleitos, o segundo maior número em comparação com as demais siglas, perdendo apenas para o PMDB. Mesmo que o PSD tenha levado três derrotas no segundo turno (Jean Kuhlman em Blumenau, Darci de Matos em Joinville e Angela Amin, que tinha como vice o pessedista Rodolfo Pinto da Luz, em Florianópolis), Merisio mantém o projeto de candidatura própria para 2018. Desta maneira, está perto de chegar ao fim a parceria com o PMDB, que já dura quase 16 anos. Confira a entrevista:

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O PSD perdeu em Blumenau, Joinville e Florianópolis. Como o senhor avalia e o que significam essas derrotas para o partido?

Nós tivemos uma derrota eleitoral, não uma derrota política. Até porque fomos para o segundo turno nas três cidades e fizemos debates consistentes sobre os problemas da comunidade, como no caso dos 700 quilômetros de ruas não pavimentadas em Joinville, a necessidade de gestão técnica em Florianópolis para fazer as transformações que a cidade precisa e, em Blumenau, tivemos um candidato que teve chances reais de vitória. Mas temos de compreender, respeitar e entender a maioria da população, que no caso de Florianópolis se manifestou por pouco mais de mil votos. Temos de respeitar o resultado, contabilizarmos uma derrota eleitoral, mas uma vitória política, porque tivemos candidatos competitivos, com propostas claras e contundência nos seus argumentos nas três maiores cidades de Santa Catarina.

A derrota eleitoral prejudica a articulação para 2018?

A questão é circunstancial. Se formos fazer uma leitura hoje, sim, mas em março ou abril de 2018 o cenário pode ser totalmente diferente. Até porque, para se ganhar uma eleição, você assume compromissos que agora precisam ser honrados e cabe a quem perdeu, à oposição, fazer a cobrança de cada uma dessas promessas – o que, nos dias difíceis pelos quais o Brasil passa, são de difícil execução.

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Em Joinville, por exemplo, o governador apoiou bastante o Darci de Matos, que perdeu. Isso mexe com a aliança PSD/PMDB no Estado?

Temos que respeitar a posição partidária do governador assim como a do vice-governador, que é de outro partido. Democracia é feita exatamente para ter esse esgarçamento do tecido e um debate consistente. Passadas as eleições, nós temos compromisso com as comunidades, independente de partidos políticos. As pessoas que não têm asfalto em Joinville ou uma saúde deficiente querem resolver seus problemas, não importa o partido do prefeito ou do governador. E nós, mesmo com mandato de deputado estadual, governador ou vice, temos de dar respostas às pessoas. A eleição é um momento que passa, e agora há tantos problemas para serem resolvidos – quanto maior a integração e aglomeração de forças nesse sentido, melhor.

Qual a sua avaliação dos mais de 93 mil votos nulos, brancos e abstenções?

Primeiro, a decisão foi em segundo turno, e a maioria das pessoas não estava representada no segundo turno. Há que se levar isso em conta. E não há dúvida de que o cenário nacional, de crise econômica, política e moral, acaba distanciando um pouco o eleitor da sua obrigação legal e cívica de escolher o melhor para a sua cidade. Quem não votou, anulou ou não participou também perde um pouco a condição de cobrar e exigir dos eleitos.

O PMDB ficou com 100 prefeituras no Estado. O PSD acredita ainda ser cabeça de chapa em 2018?

Nós teremos uma candidatura a governador, de decisão partidária legítima, assim como o PMDB tem toda a condição de fazer também. Nesse momento, vamos rever nosso rumo em função de um insucesso eleitoral, não político. Se fôssemos derrotados politicamente, aí sim comprometeríamos um processo futuro. Agora, o debate continua e a consistência das propostas continua. O momento pelo qual o Brasil passa é de renovação, de se construir novos caminhos, e são esses novos caminhos que nós continuamos defendendo para 2018.

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Vai ter candidato, então?

Essa é a decisão do partido e vamos trabalhar muito nessa direção, respeitando, de forma plena, todos os demais.

Está descartada a aliança com o PMDB, então?

Não se trata de descartar aliança, mas de construir projeto alternativo. Nós temos um modelo que já vem de 16 anos e está exaurido na sua capacidade de se reoxigenar e se reorganizar e nós temos de compreender isso de uma forma muito clara. Essa é a compreensão do PSD, respeitando de forma plena os aliados no governo e aqueles que pensam diferente. Nós vamos construir nosso caminho sem desviar um milímetro o rumo em função desse resultado adverso que tivemos agora.