O presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), deputado estadual Julio Garcia (PSD), se manifestou pela primeira vez no plenário, após as ações da Operação Alcatraz. O pronunciamento ocorreu durante a abertura da sessão ordinária nesta terça-feira (4), Na quinta-feira passada (30), foram cumpridos mandados de busca e apreensão em dois imóveis pertencentes ao político.
Continua depois da publicidade
– Hoje eu não tenho dúvidas de que é o dia mais triste de toda a minha história no Parlamento – declarou Garcia, dizendo que confia na Justiça e entende que “ela esteja cumprindo o seu papel”.
O deputado utilizou a tribuna para falar sobre as acusações contra ele, como o terreno que possui, cuja aquisição seria alvo da operação em curso. Segundo o presidente da Alesc, o imóvel foi adquirido em 1994, mas ele alegou “problemas de percurso” na legalização, com a morte do proprietário e dificuldades durante o inventário. De acordo com Garcia, a regularização teria se estendido por 20 anos, mas ele assegura que não tem relação com o que é apurado pela Polícia Federal – que busca identificar desvios de recursos públicos para beneficiar particulares.
Em relação à acusação de que receberia benefícios financeiros da empresa Apporti – que tem como sócio Jeferson Rodrigues Colombo, genro da ex-mulher de Julio Garcia –, o político alegou que desconhece qualquer atividade comercial da organização. Reiterou, porém, que é amigo do proprietário da prestadora de serviço. A respeito de Nelson Nappi, o presidente da Alesc afirmou ser amigo há muitos anos e padrinho de casamento dele, mas disse que não teria conhecimento das supostas ações do servidor, preso na quinta-feira passada, e que estão sendo investigadas pela Polícia Federal.
– Não sou tão ingênuo a ponto de, conhecendo qualquer ilicitude ou prática irregular, convidá-lo para fazer parte da minha equipe, nomeando-o para um cargo comissionado na Assembleia. Seria minha menosprezar a minha inteligência e o zelo com que escolhi as pessoas para trabalhar comigo – declarou Garcia, dizendo que a tarefa em julgar as pessoas com suspeita de envolvimento cabe à Justiça.
Continua depois da publicidade
Ainda durante o discurso, que durou cerca de 10 minutos, Garcia agradeceu as “manifestações de confiança, carinho e solidariedade” que recebeu nos últimos dias. Alguns deputados, como Ana Paula da Silva (PDT), Milton Hobus (PSD), Valdir Cobalchini (MDB), Laércio Schuster (PSB), Maurício Eskudlark (PR, líder do governo na Alesc), Felipe Estevão (PSL) e Ivan Naatz (PV), se manifestaram em apoio ao presidente da Casa, após seu pronunciamento.
– Vou lutar até o fim para provar minha inocência, e a única coisa que posso pedir é Justiça. Não quero ser pré-julgado, mas também não quero deixar de ser julgado – disse o político, que havia somente se manifestado por meio de notas de sua assessoria de comunicação até então, alegando que desconhecia as razões pelas quais teve o nome envolvido nas investigações.
Ouça o pronunciamento de Julio Garcia na Alesc: