Depois de um domingo de sol, calor e muita venda de sorvetes na Rua Floriano Peixoto, eis que a segunda-feira (10) amanheceu amarga no coração de Blumenau. Onde antes estava uma lista de sabores surgiu um laço preto em sinal de luto. Seu Schmitt, o maior apaixonado por sorvete da cidade, morreu depois de 55 anos dedicados à produção do doce. 

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A filha, Simone Schmitt, garante que o legado do pai será perpetuado: 

— Não quero mudar nada no bar, a gente vai deixar como sempre — diz entre lágrimas. 

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Euzebio Schmitt partiu aos 80 anos. Mais da metade da vida dele foi dedicada ao doce. Começou como funcionário da extinta “Sorveteria Flórida” e viu a chance de assumir o negócio quando a chefe lhe ofereceu as máquinas para continuar a fabricação. Seu Schmitt não hesitou. O sorvete se tornou mais do que fonte de renda. Virou paixão.

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O bar no coração de Blumenau, ou para os mais íntimos o “Sujinho”, se consolidou como referência em sorvetes de sabores diferenciados e, apesar do avanço da tecnologia, uma iguaria de fabricação artesanal. 

Os calos nas mãos deles sempre mostraram o tamanho do esforço para fazer o negócio dar certo e fiel às origens. E o conhecimento foi perpetuado. 

— Trabalhar com ele para mim sempre foi ótimo. Aprendi a fazer o sorvete com ele, da maneira que fazia, tudo certinho. Para mim ele foi mais que um pai — desabafa o genro, Derli Machado.

Nos últimos, já com a saúde debilitada, o trabalho mais pesado ficou com Derli. Mas seu Schmitt estava sempre ali, acompanhando, fazendo a logística, recebendo e servindo os clientes. Em setembro de 2019, em entrevista ao Santa, o apaixonado por sorvete de ameixa, contou como estava atuando

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— Já estou maduro. Quero fazer as coisas, não dá mais, e aí eu vou tocando como dá, vou ajudando — disse, à época, seu Schmitt.

Simone lembra dos finais de semana e feriados, como Natal e Ano-Novo, que o pai queria estar sempre com a sorveteria aberta. Com o comércio quase em frente ao Hospital Santa Isabel, o lema dele era manter as portas abertas para ter um sorvete a oferecer. 

A semente estava sendo plantada em toda a família e deu frutos. 

Simone e o marido cuidam da sorveteria onde tudo começou. Mas o negócio se expandiu e ganhou duas unidades em Gaspar, terra onde seu Schmitt nasceu.

Assista à entrevista de Schmitt ao Santa em 2019

Nesses 55 anos de trajetória, o velhinho carismático fez uma legião de amigos, com quem decidiu celebrar todo ano o aniversário. A cada dia 3 de agosto, liberava sorvete gratuitamente para quem passasse pela Rua Floriano Peixoto. 

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A despedida 

O corpo de seu Schmitt será velado a partir das 19h desta segunda-feira (10) na capela mortuária da Escola Agrícola, bairro onde ele morava e criou a própria família. A cerimônia segue até as 10h desta terça-feira (11). Na sequência, o corpo será levado para Itajaí, onde ocorrerá a cremação, que era um pedido do apaixonado por sorvete.