A sociedade catarinense espera uma ação que restabeleça completamente a sensação de segurança e garanta plena confiança nas instituições.
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Afronta aos pilares fundamentais do Estado Democrático de Direito, a nova onda de ataques deflagrada pelo crime organizado em Santa Catarina deve receber do poder público uma resposta à altura, que restabeleça a sensação de segurança da população, permita um retorno absolutamente normal das atividades do dia a dia e garanta plena confiança nas instituições. Assustados com as dezenas de ataques realizados desde a última sexta-feira, os catarinenses começaram o dia de ontem ainda mais perplexos diante dos disparos, efetuados durante a madrugada, contra a guarita do Centro Administrativo do Governo do Estado, na rodovia SC-401, em Florianópolis. Diante do preocupante panorama dos últimos dias, que já suscitou várias hipóteses oficiais e extraoficiais sobre a origem das ações orquestradas pelas quadrilhas, está fora de cogitação qualquer tipo de contemporização. Não podemos permitir, poder público e sociedade, sermos transformados em reféns da ação criminosa.
Como admitir que a sede do Executivo estadual, ao qual estão subordinados a Polícia Civil e o Comando Geral da Polícia Militar, seja alvo direto dos delinquentes, numa clara provocação ao poder constituído? Como não se horrorizar com o caso das duas mulheres gravemente feridas ao serem atingidas pelo carro dos fugitivos, autores de atentado a uma base da PM, num ponto de ônibus em Florianópolis? Como tratarmos com naturalidade o assassinato de um agente prisional aposentado enquanto fechava o portão de casa em Criciúma, no Sul catarinense? Como conviver com postos da PM atingidos, ônibus incendiados e residências de oficiais alvos de tiros de bandidos?
Ao final de uma disputa eleitoral, a movimentação criminosa desta quarta onda de ataques – depois dos fatos ocorridos em 2012 e em 2013 que resultaram na condenação de 80 pessoas – vem mexendo de forma lamentável com a rotina da população, especialmente na Grande Florianópolis, onde o transporte coletivo chegou a ter funcionamento restrito em função da insegurança e as aulas de instituições universitárias foram canceladas.
Desmantelar as facções criminosas e restituir a tranquilidade aos catarinenses é tarefa número um dos poderes oficiais, principalmente do governo estadual, responsável pela segurança pública. Em seguida, o foco deve ser uma política a longo prazo que fortaleça o setor de inteligência policial, que busque uma integração maior entre instituições e enfrente questões como a superlotação dos presídios. Do contrário, corre-se o risco de que o papel de refém continue sendo recorrente. E isso não há como tolerar.
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