Filho de agricultores, ex-cobrador de ônibus e agora vereador reeleito para a Câmara de Joinville. Esse é o perfil de Lioilson Corrêa, que toma por base a sua trajetória de vida para estabelecer prioridades no início de um novo mandato. Um dos projetos que ele pretende apresentar diz respeito à regularização de imóveis em Joinville. Lioilson entende que a maior parte dos moradores que não têm seus imóveis escriturados é devido às altas taxas cobradas por cartórios, imobiliárias e Prefeitura. Sua proposta é chegar a consenso, reduzir valores e alongar os prazos para o pagamento.

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Qual será a sua primeira ação ou projeto de lei neste início de mandato?

– Vou focar em dois projetos. Um deles é o que restringe o uso de transporte com tração animal no Centro de Joinville. Ele foi apresentado na legislatura passada e agora será retomado. Não somos contra o uso das carrocinhas. O objetivo é eliminar o uso e, às vezes, o abuso da tração animal, com animais trabalhando 12 ou 14 horas por dia. Vamos propor um projeto de lei complementar, sugerindo que a Prefeitura ofereça cursos para as pessoas que dependem do trabalho, de modo que possam se qualificar em outras áreas. Outro projeto é o da regularização dos imóveis. Hoje, mais de 50% das famílias não têm escritura. E não têm porque só o ITBI, um dos impostos cobrados, custa entre R$ 5 mil e R$ 10 mil e os pagamentos são feitos à vista. Vamos propor um projeto em parceria com a Prefeitura, com cartórios e imobiliárias, buscando o entendimento entre esses setores e sugerindo um parcelamento da cobrança. Isso irá fomentar a economia e dar ao cidadão a legitimidade do imóvel. Vou propor a redução do valor da escritura em 50% e o parcelamento do pagamento em pelo menos seis vezes. Num tempo em que o prefeito entende que precisa cortar todo tipo de custo, esse é um dinheiro que pode reforçar o caixa sem ter de esperar o cidadão vender a casa para pagar a escritura.

O senhor chega ao segundo mandato na Câmara. Na sua avaliação, a experiência pode lhe trazer benefícios?

– O primeiro mandato é um grande aprendizado. Hoje, a gente já conhece como funciona toda a parte burocrática, quais os vetores necessários para que os projetos caminhem com mais velocidade, temos o conhecimento dos canais necessários para que possamos ser mais efetivos e consigamos levar para o cidadão a resposta com mais agilidade. A vida pública demanda uma série de burocracias que, às vezes, emperram uma simples resposta. Quando o vereador é novo e não tem a devida experiência, ele tem dificuldade de responder a um questionamento que aparentemente é simples. Não sabe onde está a resposta. Entendo que o vereador é o agente público mais próximo do cidadão, que mais tem relação de diálogo e consegue ser o facilitador. Levo para o segundo mandato essa experiência de poder usar o mandato com mais eficiência, rapidez e eficácia para atender às reivindicações do cidadão de Joinville.

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A base governista está maior neste início de legislatura. É bom para a cidade não ter uma oposição tão forte?

– Para a cidade, para a gestão pública, isso é benéfico porque o prefeito não terá de negociar, nem fazer acordos. O processo se deu naturalmente. Evidentemente, entendo que toda proposta remetida ao Legislativo deve ser analisada pelos vereadores, que terão de consultar o setor jurídico, verificar o impacto da proposta à população, à economia, para depois votar. Ter a maioria não significa ter facilidade nas votações. Qualquer vereador terá de votar com responsabilidade e a consciência de que o projeto é bom. Dependendo do caso, os vereadores não vão votar 100% porque o prefeito pediu. Ser da base não significa ser subserviente, ser um servidor escravo. Como o Odir (Nunes, vereador do PSDB) disse na posse, “a Câmara não pode ser um balcão de homologação do Executivo”. Sou da base, meu partido é da base, mas falo por mim. Tem que ter independência para votar o que for melhor para a cidade. Em algum momento, haverá divergência porque é assim que funciona.

Como o senhor avalia o resultado das eleições passadas? Houve uma renovação de mais de 50% na Câmara.

– Tem que trabalhar mais e falar menos. Acordar cada vez mais cedo e dormir cada vez mais tarde. Estar mais próximo do eleitor e ter sensibilidade para ouvir o clamor do cidadão. A lição que se tira da renovação é que não podemos ser insensíveis ao clamor do cidadão. Só vai permanecer na vida pública o legislador ou agente político que se fizer presente nas discussões, nas demandas e possa trazer resultados. Nós temos de apontar a direção e fazer os encaminhamentos dessas demandas de modo que o cidadão entenda que estamos interessados em ajudar, em resolver o problema. A renovação se deu porque houve, em algum tempo, acomodação do agente político. Vida pública se faz todos os dias. Ser um agente público é ter uma grande missão pela frente. Sempre falo para os meus assessores que trabalham comigo: cada cidadão que nos encontra, que nos cobra, temos de vê-lo como o nosso patrão.

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Perfil

Nome completo: Lioilson Mário Corrêa.

Idade: 48 anos.

Local de nascimento: Garuva.

Estado civil: casado.

Filhos: Gabriel Lioilson, 19 anos, e Giulia Adriele, 12.

Grau de instrução: superior.

Formação: Geógrafo e funcionário público licenciado.