O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse no início desta noite que a avaliação dos mercados em relação à economia dos países desenvolvidos tem piorado e que a situação internacional tem se agravado nos últimos dias com repercussão negativa sobre as bolsas do mundo inteiro. Ele citou o rebaixamento pela Standard & Poor’s da classificação norte-americana.

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– Os mercados estão nervosos. Perderam a confiança na recuperação da economia dos Estados Unidos – afirmou Mantega a jornalistas após participar de reunião de coordenação política com a presidente Dilma Rousseff.

O ministro salientou que está ocorrendo revisão das taxas de crescimento da economia americana para baixo e que os países avançados podem causar uma recessão. Mantega disse que os Estados Unidos têm agora uma economia semi-estagnada e que há uma desconfiança explícita dos analistas em todo o mundo que levou à debandada da bolsa.

Mantega traçou um cenário negativo para a turbulência internacional que se traduziu hoje na queda das bolsas de valores de todo o mundo.

– A crise entrou em uma fase mais crônica e devemos esperar uma agudização no curto prazo ou uma lenta recuperação – previu.

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Para o ministro, os países avançados não vão se recuperar tão brevemente. Ele aproveitou o momento para criticar os países europeus por estarem sendo muito lentos para encontrar uma solução aos seus problemas.

– Na Europa os problemas demoram para ser resolvidos e estão se agravando – disse citando como exemplos Portugal, Grécia e Itália.

– Os europeus estão demorando muito para resolver a crise e a situação fica cada vez pior – avaliou.

Emergentes

Mantega avaliou que os países emergentes estão se saindo bem perante a nova fase de turbulência externa, mas salientou que tudo tem limite.

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– Não podemos fazer milagres – afirmou.

O ministro destacou que as ações de empresas ligadas a commodities caíram hoje em função da expectativa de menor demanda e que as do setor de manufaturados recuaram com a estimativa de redução do comércio.

Mantega disse que, apesar de os Estados Unidos terem sofrido o rebaixamento de sua nota de crédito no final de semana, houve uma fuga dos investidores para ativos de maior segurança. Por isso, de acordo com ele, grande parte dos investimentos saiu das bolsas de valores e foi direcionada ao dólar.

– Por incrível que pareça não tem outro ativo financeiro que cumpra o papel do dólar, não há para onde correr – avaliou.

Para o ministro, houve “forçação” de barra no rebaixamento dos EUA pela agência de classificação de risco S&P no fim de semana.

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– Confio na solidez da moeda americana – afirmou.

Para ele, o principal problema daquele país é a recuperação econômica. Mantega disse que quando a economia não cresce o desemprego aumenta.

– É preciso impulsionar a economia com política fiscal em conjunto com o crescimento, senão vai para o buraco – disse.

Câmbio

O ministro da Fazenda afirmou que, se houver exagero na desvalorização cambial, o governo vai atuar com maior força nos derivativos como já começou a atuar. Segundo ele, se faltar crédito para o comércio do Brasil com o exterior, o país tem reservas para suprir as necessidades. Ele disse ainda que, se faltar crédito no mercado interno, os bancos privados estão sólidos e o Brasil tem também os bancos públicos que outros países não têm.

– Armamentos não faltam – disse Mantega na entrevista coletiva após reunião de coordenação com a presidente Dilma Rousseff sobre a situação da crise internacional.

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O ministro comparou a crise atual a um estágio de 2,2 na escala Richter, enquanto em 2008 a crise era de 8,8. Ele reconheceu que houve uma deterioração do quadro, mas ponderou que o governo está agindo para minimizar o impacto. Mantega não quis antecipar medidas, mas acrescentou:

– Temos fiscal, temos reserva monetária muito maior do que tínhamos antes. Ataque cambial não vai haver aqui.

Ele avaliou que, nos países avançados, a crise não terminou mas sim mudou de face.

– Ela continuou.

Em gráfico, veja como foram as quedas pelo mundo: