Há que prevalecer o espírito público, sem intransigência, para que a população não seja penalizada.
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No momento em que há um impasse entre empresários e trabalhadores do transporte coletivo de Florianópolis e que paira sobre os usuários a ameaça de mais uma paralisação, a prioridade de todos os segmentos envolvidos na negociação deve ser uma só: não pode faltar transporte público na cidade. Há que prevalecer o espírito público, sem intransigência, para que a população não seja penalizada no direito de ir e vir, como costumeiramente tem ocorrido há pelo menos 10 anos. É inadmissível que sindicatos de empregados, patronais e o poder público não consigam dialogar e, com isso, permitam que o usuário fique todos os anos na incômoda situação de refém dessa negociação vinculada à data-base dos motoristas e cobradores.
A difícil negociação dos últimos dias vem sendo acompanhada com atenção e preocupação pelos cerca de 250 mil usuários da Grande Florianópolis, que sentem na pele o transtorno de cada greve deflagrada pelos trabalhadores do transporte coletivo. São justamente os mais humildes que acabam duramente penalizadas pela falta de ônibus para ir ao trabalho, levar os filhos à escola ou voltar para casa ao final de um dia exaustivo. São cidadãos privados de um serviço público essencial, prestado pelas empresas por intermédio de uma concessão do poder público. É também sob essa perspectiva que o assunto deve ser tratado. São usuários que, vale reforçar, não podem ficar à mercê de dissídios coletivos.
Os reflexos negativos causados por uma paralisação de transporte à coletividade são generalizados e difíceis de calcular. Além de levar transtorno cotidiano a pais, mães, estudantes, servidores públicos, ônibus parados nas garagens significam prejuízos significativos ao comércio e aos prestadores de serviços. Sem contar problemas ainda maiores de mobilidade urbana com o maior número de carros particulares em circulação nas ruas e avenidas.
Todos os municípios catarinenses, em menor ou maior grau, estão sujeitos à instabilidade das tratativas entre trabalhadores e patrões. No caso de Florianópolis, não tem como entrar no mérito sobre quem tem razão entre as partes envolvidas enquanto todas as informações não estejam suficientemente compreendidas, mas de pedir respeito a quem paga impostos e depende do serviço das concessionárias.
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