O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta terça-feira (19) na 78ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Em sua fala, o presidente prometeu colocar o combate à desigualdade no centro dos debates do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, que terá as reuniões do ano que vem presididas pelo Brasil.

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— Ao assumir a presidência do G20 em dezembro próximo, não mediremos esforços para colocar no centro da agenda internacional o combate às desigualdades em todas as suas dimensões — declarou Lula em discurso.

Aos chefes de Estado reunidos na sede da ONU em Nova York, ele ressaltou que a presidência brasileira vai articular inclusão social e combate à fome, assim como desenvolvimento sustentável e o debate sobre a reforma das instituições de governança global.

O presidente enfatizou o resgate ao universalismo em sua política externa e que o Brasil está de volta para contribuir na resolução dos problemas globais. Ele também cobrou os países ricos, que mantenham a sua promessa de uma contribuição de US$ 100 milhões para o Fundo Amazônia.

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Conselho de segurança

Como esperado, o presidente usou o púlpito da ONU para defender a reforma do conselho de segurança das Nações Unidas que, sustentou, vem perdendo “progressivamente” a credibilidade.

Ao apontar uma “grave crise do multilateralismo”, Lula afirmou que as bases de uma nova governança econômica global não foram lançadas. Nesse momento, lembrou que o BRICs, grupo das economias emergentes, surgiu do imobilismo de organizações multilaterais, e defendeu sua expansão recente, com a inclusão de Arábia Saudita, Argentina, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes.

— A ampliação recente do grupo na Cúpula de Johannesburgo fortalece a luta por uma ordem que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21 — diz.

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Pregando o resgate das tradições humanistas que inspiraram a criação da ONU, Lula repudiou a utilização de imigrantes como bodes expiatórios, criticando uma agenda que, pontuou, corrói o bem-estar e investe contra os direitos dos trabalhadores.

Políticas ativas de inclusão nos planos cultural, educacional e digital devem ser, segundo declarou o presidente, essenciais à promoção dos valores democráticos e da defesa do Estado de Direito.

Liberdade de imprensa

Depois de considerar que a liberdade de imprensa é “fundamental”, Lula afirmou que o jornalista australiano Julian Assange, responsável por publicar dados sigilosos sobre atividades militares dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão, não pode ser punido por informar a sociedade de “maneira transparente e legítima”.

— Nossa luta é contra a desinformação e os crimes cibernéticos — disse o presidente brasileiro.

Crítica ao FMI

Lula destacou que a representação desigual e distorcida na direção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial é inaceitável. O chefe do Executivo do Brasil disse que, quando instituições reproduzem desigualdades, elas fazem parte do problema e não da solução.

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— No ano passado, o FMI disponibilizou US$ 160 bilhões em direitos especiais de saque para países europeus, e apenas US$ 34 bilhões para países africanos. A representação desigual e distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é inaceitável. Não corrigimos os excessos da desregulação dos mercados e da apologia do Estado mínimo. As bases de uma nova governança econômica não foram lançadas — disse o presidente Lula

*Com informações de Estadão

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