Mithyuê chegou no ginásio da Univille, na tarde desta terça-feira, e foi direto para a entrevista coletiva com os jornalistas. Após a série de perguntas e respostas, posou para fotos institucionais com a equipe da Krona e, na sequência, recebeu abraços e o carinho dos colegas de equipe. Para quem vê tudo acontecendo com a naturalidade de um dia normal de trabalho em um time de futsal nem parece que neste momento o jogador está retomando uma carreira que ficou parada por seis anos – período em que ele abandonou as quadras para tentar o sucesso no futebol de campo, mas não viu a sorte bater em sua porta.

Continua depois da publicidade

O ala deixou a Krona em 2008 para tentar brilhar no Grêmio. Foi sensação no Campeonato Brasileiro Sub-20 naquele ano e viu grandes expectativas serem criadas sobre seu nome. Mas as lesões nos anos seguintes e a falta de oportunidades fizeram um grande ponto de interrogação surgir na cabeça do jogador, principalmente após ver frustradas as suas chances no Tricolor gaúcho e ser emprestado para clubes de menor expressão. Aguentou até quando pôde, mas, desiludido, decidiu voltar para onde mais foi feliz em toda a carreira: o futsal de Joinville.

– Não digo que o sentimento é de frustração. Tive momentos de altos e baixos, mas não posso me dizer frustrado. Não me sinto arrependido de nada – garante em seu retorno.

Contratualmente, ele terá condições de atuar já nos próximos jogos da Liga Futsal. A grande questão é sobre como se dará a sua readaptação ao futsal: a bola é mais pesada que no futebol de campo, os espaços são menores. Mas nada disso é novidade para ele, que passou dos seis aos 17 anos de idade praticando a modalidade.

Continua depois da publicidade

– O Mithyuê não vai ter problema para se adaptar. O contrário, a ida do salão para o campo, é muito mais difícil. A parte técnica ele tem. Agora, precisará de um tempo para se adaptar à parte tática – afirma o técnico Fernando Ferretti.

As expectativas sobre a volta do ala são grandes. Ele deixou o esporte sendo comparado a Falcão. Em 2007, quando a Krona disputou a sua primeira final de Liga Futsal, foi eleito o melhor da sua posição na competição. Companheiro de equipe na época, hoje James Veiga é supervisor do time e vê com bons olhos o retorno.

– Naquela época, quando ele foi, a gente conversou. Como ele era mais novo, acho que deveria ter tomado aquele decisão mesmo, já que era o sonho dele. Agora, nessa volta, é importante ele retornar para onde se sinta bem, e aqui ele viveu momentos felizes – diz James.

Continua depois da publicidade

Mithyuê disputou o Campeonato Gaúcho pelo Pelotas no primeiro semestre deste ano. Após o termino da competição, sua paixão antiga pela Krona se reacendeu em um jogo da equipe pelo Campeonato Catarinense, em Xaxim. Mithyuê estava nas arquibancadas e manifestou o seu desejo de retornar. A partir de então não foi preciso de muito tempo para que o acordo se concretizasse. ????

Entrevista

AN – O que muda do Mithyuê que saiu de Joinville para o Mithyuê que volta?

Mithyuê – A experiência, principalmente. Aprendi muito com a vida, no período em que passei no futebol de campo. Volto para cá mais maduro, com mais vontade ainda.

AN – Como você prevê que será essa readaptação ao futsal?

Mithyuê – Eu estou na expectativa para saber também. Estou muito ansioso para voltar a jogar, para ver como vai ser. Eu espero não encontrar grande dificuldade. Sei que será preciso ter paciência, pois as coisas não acontecerão do dia para a noite.

Continua depois da publicidade

AN – O que faltou para você dar certo no futebol de campo?

Mithyuê – Eu tive certo sucesso em 2008, mas a partir de 2009 as lesões começaram a me atrapalhar e não consegui ter uma boa sequência. Cheguei a fazer alguns bons jogos, mas não tinha muitas oportunidades e fui perdendo espaço.

AN – Você se sente frustrado de alguma forma?

Mithyuê – Frustrado, não. Eu queria ter tido mais sucesso, mas não me arrependo de nada. Agora, apareceu essa oportunidade de retornar para a Krona e encaro isso como um novo desafio. No geral, fiquei feliz pela minha carreira no campo.

AN – Quando foi que você sentiu que virou a chave e era hora de retornar ao futsal?

Mithyuê – Faz tempo. Acho que desde 2012 eu penso nisso. Chegamos a ter algumas conversas na época e era 90% certo que eu retornaria ao futsal, como não estava tão satisfeito em campo. Mas uma coisa era certa: se eu voltasse, teria que ser para a Krona.

Continua depois da publicidade