Em meio a um domingo tenso, em que o Brasil voltou os olhos para a Câmara dos Deputados, o deputado federal suplente Fabrício Oliveira (PSB) teve suas horas de fama. Muito próximo do microfone em que eram anunciados os votos, ele apareceu durante quase toda a sessão em primeiro plano na TV dos brasileiros — o resultado é que a imagem dele virou meme, ganhou repercussão nas redes sociais e, de “papagaio de pirata” a “muso do impeachment”, o político virou notícia em vários jornais. Da Folha de S.Paulo ao Extra.
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Na manhã desta segunda-feira, Fabrício conversou com a reportagem quando estava a caminho do aeroporto, para voltar a Balneário Camboriú. Garantiu que não escolheu o lugar privilegiado de propósito, e disse achou graça da repercussão — mas ficou sem jeito quando questionado sobre os comentários que exaltaram sua fisionomia.
Por que ficou tão próximo do microfone?
Ali era onde estava a bancada do PSB, eu não quis me posicionar de propósito. Não olhei o celular e não vi nada disso, da repercussão. Fui a Brasília porque recebi um convite da bancada para participar. Eu acompanhei o processo, fui membro das comissões, da CPI do BNDES, presidi a mesa na discussão do impeachment e me pronunciei sobre isso. Eu não poderia deixar de acompanhar de perto. Ainda que não tenha voto, me reuni com os deputados até porque tenho uma proximidade muito grande com bancada. Coloquei o sentimento de Santa Catarina, de Balneário Camboriú. Como, uma vez deputado, sempre tenho direito ao plenário, fui acompanhar.
Você viu que estava na tela da TV?
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Eu não sabia que imagem estava sendo reproduzida. Mas tinha gente que estava lá há tanto tempo quanto eu ou mais. Teve gente que ficou até o fim da votação, eu não. Estou recebendo mensagens do Brasil inteiro, mas tudo bem, faz parte.
Não cansou ficar tanto tempo em pé? Os comentários diziam que você não saiu nem para ir ao banheiro…
Na verdade os deputados que estavam ao meu lado é que ficaram o tempo todo (em pé). Eu fiquei a metade da votação. Só tive um pouco de sede.
O que você achou sobre os elogios à sua beleza?
Eu não acho nada (risos). Fui como líder partidário, líder político na região. Estou achando uma certa graça.
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Acha que a exposição servirá como marketing político?
Não sei, o que eu tinha que fazer eu fiz. Fui três vezes candidato a deputado. O tempo em que eu estive no Congresso foi um período importante da minha vida, nada mais justo do que eu estar ali. Ainda que eu não possa ter voto no impeachment, represento 72 mil votos.
Você apresentou projetos de lei de combate à corrupção quando estava no Congresso, defendeu punição para os corruptos, e a sessão ontem foi presidida pelo Eduardo Cunha (PMDB). Não é uma incoerência?
Sou favorável à saída do Cunha. Ele não tem legitimidade mais pra estar na Casa. A Câmara tem que tomar uma posição e tem que ser algo bastante rápido. Senão, perde a legitimidade.
Como vê o futuro?
Vamos ver como Temer vai construir nesse intervalo o relacionamento político. No Senado será uma briga política entre PMDB e PT, os dois maiores partidos do governo. Espero que o Brasil possa sair um pouco melhor do que entrou. No TSE vão chegar recursos de campanha por recursos obtidos por corrupção, e não está descartada uma nova eleição. Na minha opinião, seria o melhor para o país. O PMDB é sim sócio do governo, tem responsabilidade junto com a Dilma.
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