A não-letalidade da pistola taser é questionada por membros da comunidade médica. O chefe do serviço de Cardiologia do Hospital Juscelino Kubitscheck de Oliveira, no Distrito Federal, e médico no Hospital da Polícia Militar mineira, o cardiologista Ricardo Hernane Lacerda Gonçalves de Oliveira observou que o potencial letal está nas mãos do atirador e que o risco depende também do agente passivo.
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– A arma de choque é uma arma de menor potencial ofensivo, mas pode ser letal porque pode desencadear uma arritmia grave em qualquer pessoa. Quanto mais duradouro o choque, maior o risco – explicou, ao ressaltar que a exposição maior causada pelo portador da arma e um coração suscetível a arritmias aumenta o risco de transformar a arma de menor potencial em absolutamente letal.
Membro da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), o cardiologista Bruno Valdigem reforça a posição do colega, mas diz que arritmias graves e até letais por causa do aparelho, na prática, não são frequentes.
Conforme Valdigem, entre as pessoas com predisposição a arritmias cardíacas e portadores de estimulação cardíaca artificial, o risco da taser é danificar o gerador, deixando o paciente sem a proteção do dispositivo.
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– Pode causar uma arritmia grave, lembrando que a pessoa já é doente, e não por causa da presença do marca-passo. Pacientes com cardiodesfibrilador implantável, por exemplo, têm uma predisposição a paradas cardíacas mesmo sem o choque. Mas isso nunca foi observado – disse.
Perguntado sobre quais estudos da comunidade médica consultou para criar o projeto que libera a taser à população, Luiz Argôlo citou uma fonte que afirma que armas de eletrochoque são seguras, o médico William P. Bozeman, dos Estados Unidos.