Os momentos que antecederam o choque do voo Lamia 2933 com as montanhas colombianas não foram de gritaria, sofrimento nem desespero pela morte iminente. Tripulantes e passageiros não sabiam da situação de pane total da aeronave, já que o único aviso que surgiu foi a luz indicando necessidade de colocar os cintos. Antes do impacto, impossível de ser percebido pela velocidade e força do choque, tudo que os 71 mortos na tragédia sentiram foi uma turbulência.
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A informação é de Carlos Henrique Mendonça Silva, médico da Chapecoense que foi até a Colômbia prestar assistência aos sobreviventes. Além de atender o lateral Allan Ruschel, o zagueiro Neto, o goleiro Follmann e o jornalista Rafael Henzel, o profissional também pôde conversar com Erwin Tumiri, tripulante sobrevivente, que relatou os instantes finais da vida das vítimas fatais da tragédia da última terça-feira.
– Solicitei à diretora do hospital que, como médico, gostaria de conversar com ele até para entender um pouco. Ele falou que durante o momento crítico não houve nenhum sinal de emergência, que acenderam os sinais de colocar cinto e ele foi junto com a comissária para trás. Não houve nenhum tipo de tumulto. Houve uma turbulência muito forte, eles ficaram em posição de emergência e veio o impacto. Ele falou para mim que não houve nenhum sofrimento, nenhuma gritaria, que realmente não deu nem para sentir a queda – afirma o médico.
Na mesma conversa com Erwin Tumiri, Mendonça Silva questionou as atitudes do piloto Miguel Quiroga, que não fez parada para reabastecimento. A resposta do tripulante sobrevivente é que também considerou estranho a ida direta até a cidade de Medellín
– Não era para ter perguntado, mas eu perguntei porque não pararam para abastecer a aeronave. Ele disse da própria boca que estranhou o fato de não haver uma parada em Cubija. Ele se mostrou assustado por não ter a parada, e isso me deixou muito inquieto – comenta o médico.
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Os 71 mortos na tragédia da última terça-feira em La Union de Antioquia já retornaram aos seus países de origem. Neste sábado, 50 vítimas foram veladas em cerimônia transmitida para todo o mundo realizada na Arena Condá. Os sepultamentos acontecem em várias cidades e estados brasileiros.