Após a divulgação do rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Standard & Poor’s, o ministro da economia Joaquim Levy concedeu uma entrevista ao Jornal da Globo na madrugada desta quinta-feira. Na visão dele, a solução para o Brasil superar a crise está no equilíbrio fiscal.
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Levy afirmou que assumiu o cargo de ministro da Economia com o objetivo de fazer o Brasil adquirir um equilíbrio fiscal. Segundo ele, a nota é apenas uma avaliação se a sociedade, se o governo, se o Congresso realmente estão entendendo a seriedade do país atingir essa meta.
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Perguntado se a a política econômica falhou em ajudar o Brasil a fazer os ajustes necessários, Levy afirmou que o trabalho exige escolhas.
– Não houve falha, existe um problema difícil, e um problema que só será vencido se as pessoas olharem com responsabilidade em todos os níveis. O governo vai, e deve cortar, gastos sim. Mais do que já cortou em alguns casos e com gestão, com ferramentas inteligentes. E se precisar, a gente tem que ter a disposição de fazer um sacrifício para todo mundo voltar a ter a economia crescendo – explicou.
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O comunicado da Standar & Poor’s cita uma perda de coesão no gabinete ministerial da Presidência como uma das principais causas do rebaixamento da nota. Sobre esta questão, o jornalista Willian Waak contextualizou as inúmeras tentativas de aumentar receita citando a tentativa da volta da CPMF ou o aumento do Cide, e finalizou perguntando “o que o governo quer?”
O ministro respondeu, mais uma vez, que o governo quer o equilíbrio fiscal.
– A gente quer atingir a meta que é necessária para trazer tranquilidade para a economia brasileira. Como é que a gente vai alcançar isso? A gente deu um passo de abrir uma conversa. É uma conversa com o Congresso, é uma conversa com os economistas, é uma conversa com os empresários, é uma conversa com a população – contemporizando que o país se encontra em uma situação diferente de a dois anos atrás.
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Perguntado sobre as reclamações da carga tributária no Brasil, o ministro afirmou que os custos elevados são em função dos gastos, citando os como exemplo aposentadorias e despesas com saúde e educação.
– E aí a gente vai ter que fazer essas escolhas. Qual vai ser exatamente o imposto, quanto vai ser, qual vai ser exatamente o corte, a gente vai conversar, foi isso o que Congresso pediu para a gente, e depois o governo vai ter que fazer isso com muita clareza. Agora, todo mundo vai ter que estar envolvido nisso e é um desafio para cada um de nós – afirmou.
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Durante a entrevista Levy voltou a usar a analogia da travessia. Nas palavras do ministro a “ponte de segurança fiscal” é o caminho para uma transissão deste momento de crise para recobrar a confiança e retomada do crescimento.
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Perguntado sobre as mudanças na infraestrutura, se as grandes empreiteiras estão envolvidas na Operação Lava-Jato, Levy afirmou que o governo tem tomado o cuidado de faciltar a entrada de novas empresas para gerar concorrência no mercado. O ministro disse que os projetos – citando as agendas pró-desenvolvimento em curso no Senado – têm que ter mais qualidade e melhor planejamento.
Sobre a baixa popularidade do Governo, Levy afirmou que a avaliação da presidente Dilma é uma oportunidade de oportunidade de agir para melhorar.
– Temos que fazer. A gente sabe o que precisa fazer, o governo tem sido super transparente. Agora a gente precisa saber, concluiu o ministro
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Em nota oficial, o discurso é o mesmo: consolidação fiscal
S&P rebaixa nota do Brasil para especulativa
O rebaixamento da nota de crédito da dívida do Brasil de BBB- para BB+, publicada pela agência de avaliação de risco Standard & Poor’s nesta quarta-feira, levou o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a emitir uma nota reafirmando o compromisso do governo com a consolidação fiscal.
A nota diz, entre outras coisas, que “o governo entende que o esforço fiscal é essencial para equilibrar a economia em um ambiente global de incerteza e, juntamente com iniciativas microeconômicas, aumentar a produtividade do país e criar as condições para a retomada do crescimento na esteira do fim do boom das commodities”.
Após perda de grau de investimento, governo reafirma compromisso fiscal
Com o rebaixamento do “rating” – nota de crédito – da dívida do Brasil de BBB- para BB+, a agência de avaliação de risco Standard & Poor’s indicou que o país pode perder vaga no clube dos bons pagadores. Com a decisão, publicada no final da tarde desta quarta-feira, o Brasil passa a integrar o grupo dos países incluídos no chamado grau especulativo pelos critérios da S&P. A perspectiva da avaliação também é negativa. Na nota que justifica a medida, a agência cita o orçamento de 2016 com déficit e a crise política.