O deputado federal Rodrigo Coelho é um dos 11 parlamentares do PSB que votaram a favor da reforma da Previdência e vão responder a um processo no Conselho de Ética da direção nacional do partido. O PSB havia decidido votar contra a proposta.
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Um dia após saber da decisão do partido de avaliar possível punição aos deputados do PSB que votaram a favor da reforma, com possibilidade até mesmo de expulsão, Coelho avaliou a decisão e fez críticas à orientação atual da legenda. No país, o PSB faz parte de um bloco de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro, ao lado do PT.
A posição do deputado agrava mais o distanciamento com o PSB, que vinha em curso nos últimos meses. A situação de responder por voto a favor da reforma da Previdência em um partido que havia decidido votar contra é semelhante à enfrentada pela deputada Tabata Amaral (PDT/SP), que também recebeu ameaça de ser expulsa da legenda após votar a favor da proposta – o PDT era contra a proposta.
Confira abaixo entrevista com o deputado catarinense Rodrigo Coelho:
O que o senhor achou da decisão do partido?
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Eu já esperava isso. Eles tinham comunicado dessa decisão, que fariam encaminhamento ao Conselho de Ética. Estou tranquilo, votei com convicção e sei que é o melhor para o país. A reforma da Previdência é necessária. Os pontos mais polêmicos, BPC, aposentadoria rural, capitalização, foram retirados do texto, particularmente, tive cinco emendas acatadas parcialmente, o partido também teve.
Então não haveria mais motivos para votar contra a não ser por posição ideológica. Qualquer que fosse o texto, o partido iria votar contra. Não fui só eu do partido que votei a favor, foram 11 de 32 deputados, isso dá 34%. E os deputados não fazem parte do diretório que decidiu isso. É um dos poucos partidos que os deputados não fazem parte do diretório que decidiu votar contra. Mostra que (o partido) não tem conexão com a realidade. É uma pena que isso tenha acontecido.
Teme que uma expulsão do partido de fato ocorra?
Não temo. Estou com a consciência tranquila. Se vier isso, abre-se a porta para eu me filiar a outro partido. Não temo isso. Até porque o partido, depois que faleceu o Eduardo Campos (ex-governador de Pernambuco, morto em acidente aéreo em 2014), mudou bastante, alinhou-se muito forte à esquerda e à oposição, isso não faz bem para o Brasil.
O grupo em 2014, com Eduardo Campos havia alinhado mais ao centro, aberto ao diálogo, com democracia interna. Depois que ele faleceu, perdeu o rumo. O partido não tem mais liderança nacional, vem sendo um partido que quer ocupar espaço pelo vácuo do PT e PDT, que tem esse desgaste natural. Aconteceram alguns fatos como a destituição do diretório estadual e expulsão do Luciano Buligon (prefeito de Chapecó, expulso do partido após declarar apoio a Jair Bolsonaro em 2018). São fatos que vão se somando e que acabam nos deixando bem chateado.
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Ainda tem clima para o senhor permanecer no PSB?
O clima está bem complicado. Não que não tenha mais clima, mas hoje está tenso e complicado.
Já conversou com algum outro partido?
Não conversei com ninguém. Houve convites, mas não avancei nada porque não seria bacana de minha parte.