Ao lado dos secretários da Segurança Pública e Justiça e Cidadania, do comandante-geral da Polícia Militar e do diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), o governador Raimundo Colombo se manifestou por cerca de 30 minutos sobre a segunda onda de ataques no Estado.
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A entrevista coletiva aconteceu na tarde desta segunda-feira, em seu gabinete, em Florianópolis. Diante de algumas perguntas, Colombo pediu aos integrantes da mesa que respondessem. Confira as principais partes da entrevista:
ENTREVISTA: Raimundo Colombo, governador do Estado:
Há relação do vídeo divulgado em Joinville (que mostra presos sendo agredidos por agentes)?
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Raimundo Colombo – O vídeo deixou todos nós muito tristes. Nenhum de nós aceita esse tipo de procedimento. Vamos as últimas consequências para que não se repitam. Agora, as reações não são exclusivamente por essa razão. É também pela demanda proativa da polícia em dificultar a vida dos criminosos.
Por que só em SC estão acontecendo esses ataques?
Colombo – O que a gente pega no sistema, eles tem influência de São Paulo…
Por que então não se aceita ajuda federal como foi oferecida em novembro e novamente agora?
Colombo – Nós aceitamos, não há nenhum problema. Falei isso ao ministro, temos a melhor convivência e nosso desejo é fazer isso. O momento e a forma é uma questão de inteligência da polícia. Mas elas estão aceitas.
Que tipo de solução pedirá ao ministro?
Colombo – Vamos levar relatório completo de tudo o que aconteceu aqui, porque aconteceu também em outros estados e uma integração operacional ainda maior. Não há, nunca houve e nem haverá qualquer arrogância ou pretensão do Estado de que nós não precisamos. Nós precisamos, sim. O Exército, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal nos ajudaram. Há uma perfeita integração, não há dificuldade.
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O que precisa então para as polícias transferirem esses criminosos para o RDD em presídios federais?
Colombo – Aí o Leandro (Leandro pode falar. É uma informação técnica.
Leandro Lima (diretor do Deap) – Na verdade assim, nós já temos presos no sistema prisional federal, as vagas estão à disposição e elas serão acionadas a qualquer momento.
O senhor acha que os ataques estão relacionados a transferência de um traficante transferidos para o Sul?
Colombo – Acho que aí o Leandro poderia…
Leandro – Num primeiro momento, na semana passada, as razões apontavam para o indiciamento de 13 pessoas no caso da Deise. Depois, na prisão da advogada. Depois, por conta da transferência de um preso. Depois, pelo recrudescimento policial. Depois, por conta de Joinville. São todos fatores que se somados talvez no final das contas a gente chegue a essa resposta.
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Se as inteligências sabiam de que haveria risco de novos atentados, por que não conseguiram evitá-los?
Colombo – Olha, nós fizemos e estamos colocando em todas as unidades parlatórios, todos os modelos de prevenção, tudo isso está em curso. Eu visitei várias. Não há mais contato. As medidas foram e estão sendo tomadas.
Mas nas ruas, houve depois que os atentados começaram operação nas ruas e em Florianópolis, por exemplo, cessaram. Por que não houve mobilização policial antes?
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Colombo – Mas a operação policial está sendo feita todo o dia. Se você olhar os índices de segurança eles são excepcionais.
César Grubba (secretário de Segurança Pública) – A inteligência acompanhou. Houve antecipação a partir dos informes. Muitas vezes ele é tão momentâneo, tão rápido que você consegue trabalhar. Mas a informação que se tinha era mais para frente, eles se anteciparam. Muitos ataques deixaram de acontecer em razão da prevenção da Polícia Civil e da Polícia Militar. Tanto é verdade que 24 pessoas foram presas antes de praticar o ataque. Agora, prevenir todos é impossível.
Estamos enfrentando a segunda crise por conta da mesma motivação desde novembro. O senhor tem essa percepção que isso gera uma imagem de inércia de resposta do governo em relação a esse tipo de problema?
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Colombo – Eu acho que não. Todos vocês estão acompanhando o nosso trabalho. Eu acabei de falar que em dois anos inauguramos seis unidades prisionais. Nunca existiu isso em Santa Catarina. Nós aumentamos o maior número de efetivo como nunca existiu em Santa Catarina. As respostas que estão sendo dadas estão postas e comprovadas por todos vocês. Existe uma dificuldade de um novo comportamento social. E isso está acontecendo no Brasil inteiro. Temos que enfrentar com muito rigor. O papel do Estado é garantir a ordem e o direito das pessoas e isso nós não vamos abrir mão de forma nenhuma. Temos investimentos futuros a fazer, assegurados… Não há inércia, não há omissão, não há descaso, há crise que precisa ser enfrentada e resolvida.