Ao contrário do que muitos pensam, não é apenas o tráfico de drogas e armas que financia o crime organizado no Brasil. O contrabando de cigarros fabricados no Paraguai é hoje uma das atividades mais lucrativas dominadas pelos criminosos. Atualmente, 40% do mercado de cigarros de Santa Catarina é dominado por marcas contrabandeadas. Esses produtos são vendidos livremente e trazem enormes danos para os consumidores e também para o desenvolvimento econômico e social do Estado.

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É alto o índice da população do Sul que, de alguma forma, conecta o contrabando ao crime organizado e à violência no país. Segundo pesquisa encomendada pelo Movimento em Defesa do Mercado Legal Brasileiro, 76% dos entrevistados da Região Sul avaliam que a entrada de produtos ilegais no Brasil financia o crime organizado e favorece o crescimento da violência. Além disso, 66% da sociedade do Sul acredita que o governo brasileiro é incompetente na fiscalização das fronteiras.

Diferentemente dos cigarros fabricados e vendidos legalmente no país, uma atividade que gera empregos e paga bilhões de reais em impostos, os cigarros contrabandeados afetam de forma negativa diferentes setores da economia. Cada maço que cruza a fronteira tem um efeito devastador sobre a arrecadação de impostos. Para se ter uma ideia, os prejuízos com o contrabando de cigarros de Santa Catarina somaram R$ 382,86 milhões de evasão fiscal em 2016.

É preciso que haja vontade política e mobilização conjunta para que as medidas necessárias sejam tomadas. A economia sofre e, como consequência, toda a sociedade. É preciso lembrar que o dinheiro que o país deixa de arrecadar com a ilegalidade pode e deve ser investido em educação, saúde e outros benefícios para a população.

*Edson Vismona é presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO)

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