Por Sandro Paim
sandro.paim@diariocatarinense.com.br
É por enfrentar amarras sociais que a sexualidade ainda é reprimida ou tratada como tabu por algumas pessoas. Entretanto, estamos saindo de um modelo doutrinado e entrando numa era onde o que faz sentido é aquilo que proporciona o prazer. Pode ter toque ou não, penetração ou não. A sexualidade é do seu jeito. É uma liberação para que cada um viva independente daquilo que é considerado certo ou errado por terceiros. É o que resume a psicóloga Telma Lenzi, durante um papo com a coluna.
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Ela palestra no dia 7 de dezembro, às 19h30min, no Majestic Palace Hotel, em Floripa. Toda renda arrecadada com o evento será destinada destinada para ONG Associação Instituto Movimento (Assim) e os ingressos são limitados. O investimento é de R$ 80 por pessoa (para grupo de 10 inscritos), R$ 100 (para voluntários da ONG e grupo de 5 pessoas) e R$ 120, disponíveis no Instituto Movimento, no bairro Agronômica, na Capital.
Confira a entrevista na íntegra:
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Pode nos adiantar um pouco a proposta do bate-papo do dia 7?
A arte da sexualidade: proposta de ampliar a visão da sexualidade ocidental, que é muito focada no prazer genital. Na verdade é mais amplo, o que chamamos de experiência sensorial, podendo colocar todo o corpo em sensações de prazer. Independente das buscas de satisfação, de solteiros ou de casais, e de gênero. É um encontro dialógico. Vamos desmistificar o prazer genital enquanto descarga e relaxamento. O sexo como arte busca o encontro, e a experiência entre pessoas. O tema é voltado para fazer um sexo dialógico, sensorial, entre corpos que vão se conhecendo por meio das sensações.
O sexo envolve energia. Como estimular para que essa seja uma energia boa?
A ideia é que as pessoas primeiro relaxem. Não devem ir para um encontro sexual com tensão. Como é uma troca de sensações, se você leva os pensamentos ruins, como desespero ou ansiedade, acaba passando para o parceiro. O ideal é que as pessoas primeiro se conheçam, relaxem e tenham essa experiência com o próprio corpo para carregar energia boa e não o contrário. Não existe certo e errado. Cada um tem que descobrir aquilo que gosta. Estamos saindo de um modelo de sexualidade doutrinada e entrando numa era que o que faz sentido é aquilo que é bom para cada um. Pode ter toque ou não, penetração ou não… a sexualidade é do seu jeito. É uma liberação para que cada um viva independente daquilo que é considerado certo ou errado socialmente.
Sobre o conhecimento do próprio corpo, como enxerga o comportamento sexual feminino na atualidade? Como desmistificar o orgasmo da mulher?
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Esse aspecto é interessante do ponto de vista cultural e é preciso clarear informações sobre o processo histórico da cultura. Da década de 60 pra cá que a mulher conquistou liberdade de valores e acesso ao uso do anticoncepcional, o que revolucionou o comportamento. A consciência da mulher com seu corpo, da onde ela sente prazer e como atinge o orgasmo precisa ser trabalhada. Precisamos ainda desconstruir que o prazer vem apenas na penetração.
A educação sexual ainda é considerada um tabu por muitos. Qual a importância de falar sobre o assunto desde cedo?
O sexo é o nosso corpo dialogando sobre suas sensações. É uma experiência sensorial. Quando observamos uma criança, percebemos que ela é muito ativa com o próprio corpo. É muito mais permitido aos meninos que cresçam se descobrindo de forma natural. Quando não fazemos isso com uma menina, estamos alimentando atitudes machistas. A educação e a informação deve estar sempre presente. A sensação de prazer com o próprio corpo na natureza é uma arte e, nesse quesito, as crianças tem muito mais a ensinar do que aprender.
Quais suas dicas para manter uma vida sexual saudável e que aumente a qualidade de vida de solteiros e casados?
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A dica é repensar o sentido do sexo na vida. Devemos cuidar para não usá-lo como medicação para ansiedade ou para aliviar a tensão. Esse funcionamento é muito relacionado à sociedade do consumo. O uso do sexo é melhor e muito mais profundo. Se pensamos em troca de intimidade, devemos prestar atenção no olhar: é uma forma de troca e confiança. A prática serve tanto para um primeiro encontro quanto para casais que estão juntos a muito tempo. Esse é o canal para iniciar o sexo como experiência sensorial. Como não há certo e errado, cada um deve descobrir aquilo que lhe satisfaz.
Ainda há muito controle sexual? De que forma fugir desses tabus?
A política, a pedagogia e a medicina sempre controlaram a prática sexual por ser a maior experiência de prazer do ser humano. Como não há certo e errado, cada um tem que construir do seu jeito, quebrando os tabus. Devemos refletir de que maneira isso se torna saudável, cuidando para não atingir uma compulsão ou retração sexual.
Qual a importância da relação com o próprio corpo para uma prática sexual saudável? As pessoas têm se sentido mais livres?
Precisamos trazer de volta a liberdade de experimentação geral. Não existe padrão de beleza, idade ou comportamento, a sensibilidade é permitida para todos, assim como a experiência sensorial. Estamos numa sociedade onde cada vez há menos modelos de certo e errado no sexo, por isso devemos buscar a felicidade independente de preconceitos ou padrões.
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