O povo levantou cartazes, pintou o rosto, ergueu a voz. Em julho, “o gigante acordou”, diziam. Fora as reivindicações específicas, o que estava mais evidente em cada grito, em cada manifestação, era o desejo de mudanças. Do jeito que estava – e está – não podia ficar. Reduziram alguns centavos da tarifa do transporte público, derrubaram a PEC 37, definiram a destinação dos royalties do petróleo. Tudo para adormecer o gigante (que, sim, parece ter dado uma cochilada). No entanto, como cidadã que também foi para a rua com cartaz na mão, sei que este sono não é mais tão pesado quanto antes.

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Não adianta fazer remendos no atual sistema. É preciso que os cartazes na mão e o vinagre na bolsa tenham sido válidos para a mudança. Chega de corrupção. Basta esta falsa representação – onde ao invés de representar o povo, grande parte dos políticos está apenas a serviço do poder econômico. É preciso que a reforma política enfim saia das gavetas deste jogo de interesses.

Por esta razão, me uni às entidades que estão na luta por arrecadação de assinaturas para apresentar um projeto de iniciativa popular: o “Eleições Limpas” – iniciativa semelhante a que tivemos anos atrás pelo “Ficha Limpa”, e que deu certo. Entre as mudanças no sistema eleitoral propostas por este projeto está a que considero fundamental: o fim às doações de campanha da iniciativa privada. Pelo “Eleições Limpas”, apenas pessoas físicas poderiam fazer doações aos políticos, e sempre sem ultrapassar os R$ 700.

Dados do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) apontam que, a cada R$ 1 “doado” à campanha, a empresa recebe R$ 8,50 em contratos públicos. Ou seja, é o povo quem paga a conta, de uma forma ou de outra. Realmente não se trata apenas de 20 centavos! Está na hora de pararmos de aceitar que a sujeira seja escondida embaixo do tapete. Ergamos o tapete. Limpeza no processo eleitoral já!

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