O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou terça-feira aos membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que “não é fácil” estar à frente das investigações da Operação Lava-Jato no Ministério Público Federal (MPF), mas que vai continuar o trabalho de forma republicana.

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— Posso dizer que não é fácil, mas investigação não pode ter ideologia nem lado. Deus me livre do local em que a pessoa escolhe a quem investigar. Isso não é democracia. Temos de ser retos enquanto atuarmos no Ministério Público e, republicanamente, dar a todos o mesmo tratamento — disse Janot, ao responder ao apoio recebido por conselheiros.

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O conselheiro Walter de Agra, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), elogiou a atuação do procurador:

— Se temos o Brasil num caminho mais acertado, devemos isso não somente ao presidente do CNMP e ao procurador-geral da República, mas ao cidadão Rodrigo Janot.

Na sexta-feira, em pronunciamento contundente, Janot rebateu críticas e negou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tenha sido responsável por vazar a informação de que ele enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedidos de prisão contra líderes do PMDB, como forma de pressionar o relator da Lava-Jato na Corte, ministro Teori Zavascki.

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Na ocasião, Janot apontou que a teoria foi disseminada por “figuras de expressão nacional, que deveriam guardar imparcialidade e manter o decoro” e enviou à Polícia Federal (PF) um ofício para se apurar o responsável pelo vazamento. Caberá ao diretor-geral do órgão, Leandro Daiello, dar início ao procedimento.

Embora não tenha citado nomes, a fala do procurador-geral foi interpretada como um recado ao ministro do STF Gilmar Mendes que, na semana passada, criticou os vazamentos e classificou o caso como “brincadeira” com o Supremo e “abuso de autoridade”, insinuando que as informações teriam sido divulgadas pela PGR.