Ser jogador de futebol ou cantor eram os sonhos do pequeno Jakson Follmann quando morava na cidade de Alecrim, no interior do Rio Grande do Sul. Lá ganhou seus primeiros troféus em festivais da canção. Aos 13 anos acabou indo para as categorias de base do Grêmio e seguiu a carreira de jogador. Trajetória que foi abreviada pelo acidente com a delegação da Chapecoense que completou três anos na sexta-feira. As dores e o acidente ainda incomodam. Mas o ex-goleiro da Chapecoense agora vive outro sonho. O de poder cantar em rede nacional, no programa Popstar, da Rede Globo. E ele não está apenas participando. Até o momento lidera o reality show. Além disso, ele vive o momento mágico de se preparar para a paternidade. A esposa Andressa está grávida de sete meses. Joaquim está quase chegando.
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Tentando dar conta de sua agenda atribulada, Follmann recebeu a Revista DC para falar sobre esse novo momento em sua vida.
Confira a entrevista:
Como está sendo viver esse momento na televisão, no Popstar?
É uma oportunidade totalmente diferente. Mesmo eu cantando, gostando de cantar, a situação de você subir num palco, ainda mais na TV Globo, em horário nobre, onde milhões e milhões de pessoas estão assistindo, é um desafio muito grande. É um desafio poder me sobressair de maneira positiva com as câmeras, no palco. Poder interagir um pouco com o público. Mas está sendo muito legal. Estou gostando bastante e superfeliz com a oportunidade. Vamos ver o que acontece.
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Como está sendo a repercussão com os amigos, familiares, na tua cidade, com os jogadores que você atuou?
Recebo muitas mensagens nas redes sociais, muitas mensagens positivas. Não só dos meus amigos, dos jogadores que eu joguei, mas de vários jogadores de futebol, das pessoas em geral o feedback também está sendo muito positivo. Legal que as pessoas mandam até sugestões de músicas para eu cantar. Nas ruas as pessoas também falam que tal ficaria legal na minha voz. Então, é bacana esse feedback, essa interação das pessoas, esse apoio também das pessoas. Querendo ou não me deixa mais confiante para poder me divertir, cantar com o coração, com a alma. Levar uma mensagem positiva com meu canto para as pessoas que estão assistindo.
Como é a escolha do repertório?
Eu escolhi 20 músicas. Cada colega meu teve a oportunidade de escolher 20 músicas. Junto com o meu produtor lá da Globo com quem converso todos os dias praticamente, acabo separando algumas músicas para cada programa. É legal porque tem esse jogo de cintura, essa situação de eu dar a minha opinião, ele dar a opinião dele. Graças a Deus está dando tudo certo para que a gente possa escolher músicas boas. O feedback sobre o nosso repertório também está bacana e isso é legal.
A primeira música, Tente Outra Vez, do Raul Seixas, teve uma simbologia não é?
Exatamente. Essa música tem uma letra que eu me identifico muito, com a minha história e foi escolhida a dedo para a estreia do programa. Fico feliz por ter dado tudo certo. Foi uma música que me emocionou bastante, emocionou bastante as pessoas que estavam lá, quem estava em casa. Então acredito que foi legal, pois deu para passar uma mensagem legal no canto, na música, na letra. E quando falo em passar uma mensagem legal é porque quando vou cantar canto sempre com as verdades. Procuro entrar na música, entender bem a letra. Acho que as pessoas estão vendo que eu estou cantando com o coração, e isso é mais importante. Acima de tudo também estou me divertindo de uma forma muito positiva.
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Quando vocês descobriu que cantar faz bem para a vida?
Desde novo, sempre gostei de cantar. Meu pai canta. Nada profissionalmente, mas a família do meu pai canta, minha mãe gosta de cantar e a família dela também. Eu cresci ouvindo música, cresci ouvindo meu pai e meus tios cantarem, então a música sempre foi muito importante desde pequeno. Depois de tudo o que aconteceu, eu como atleta sempre gostava de levar o violão e cantar nos churrascos quando a gente se reunia. E depois do acidente também. No acidente a música também foi muito importante para mim, principalmente na UTI. Algumas músicas fazem parte desta minha reconstrução, dessa minha recuperação. A música sempre foi muito importante para mim e tenho certeza que ela vai ser importante até a eternidade, porque eu sou um amante da música.
Você ouvia bastante música quando estava no hospital?
Quando eu estava na UTI, principalmente lá na Colômbia, minha esposa colocava músicas e isso ia me acalmando. Tem algumas músicas que são importantes quando eu falo da minha recuperação. Uma delas é Raridade, de Anderson Freire, que é uma música que sempre me foi colocada para tocar e me tranquilizava. Depois a cirurgia na cervical acabou afetando um pouquinho minhas cordas vocais, e eu fiquei alguns dias sem falar. Eu tinha uma preocupação muito grande: será que vou voltar a falar? Vou poder voltar a cantar? E eu lembro que a primeira música que eu cantei depois que eu consegui voltar a falar, devagar, com a voz fraquinha foi Casa Amarela, de Guilherme e Santiago. São algumas músicas que fizeram parte da minha recuperação e que eu levo comigo. Elas foram e são muito importantes.
E quais tuas referências musicais, no Rio Grande do Sul era mais música gaúcha?
Nos festivais lá na minha cidade, em Alecrim, cantava muita música nativista de Luiz Marenco, José Cláudio Machado. Então, tem várias músicas nativistas que considero bonitas, com letra linda. Cantei também algumas músicas da MPB e sertanejas.
Ganhou algum?
Ganhei. Tenho vários troféus lá em casa. É legal. Sempre quando vou à casa dos meus pais os vejo lá guardados. Isso é legal.
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Quais outros artistas que você gosta e que te inspiram?
Eu sou um cara bem eclético, gosto de uma boa música, de sertanejo, de MPB, de pop, de uma boa música. Lógico que me identifico muito com o sertanejo, mas o meu repertório tem outras músicas também. Tanto que a primeira música que eu cantei não foi sertaneja. Gosto de vários cantores como Guilherme & Santiago, Zezé de Camargo & Luciano, Bruno & Marrone, Raul Seixas, etc.
Era comum você tocar no vestiário. Lembra das últimas músicas que tocou com a turma do acidente?
Eu não cheguei a tocar violão no vestiário violão. Mas eu era um cara que cantava, assim, no meio do vestiário, quando acabava o treino, quando ia para tomar banho. Era um cara, não, sou um cara feliz. A música faz parte dessa felicidade, ela deixa as pessoas para frente, alegres. Enfim, não tem quem não goste.
Você sempre foi alegre assim ou foi uma forma de encarar, de superar o que aconteceu?
Eu sempre fui uma pessoa feliz. É lógico que eu sou um ser humano que também acorda às vezes meio ranzinza, meio bravo, mas é normal. Até porque sou um ser humano. Mas sempre procurei estar feliz, sempre fui uma pessoa muito feliz e esse sorriso faz parte da minha história, faz parte da minha vida, faz parte da minha identidade. Desde pequeno deitava dando risada acordava dando risada, era uma criança muito feliz, um adolescente, um jovem e agora um homem.
Você tem intenção de seguir carreira como cantor?
Não descarto nada. Até porque também gosto de cantar. E está sendo muito legal, está sendo muito positivo o programa, as participações, tenho contatos. Enfim, mas quero me divertir. Acho que acima de tudo é cantar, me divertir, divertir as pessoas em casa, depois a gente vê o que acontece. Acho que o futuro a Deus pertence. Se for da vontade de Deus de eu seguir na carreira de músico, a gente vai sentar com calma e analisar. Eu jamais vou falar que não vou querer ser um cantor. Mas acho que tudo no seu devido lugar, no devido tempo.
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Você fez algum curso, alguma preparação diferente?
Faço fonoaudióloga duas vezes por semana. Na verdade, eu só aqueço minha voz como qualquer outro cantor, como outras pessoas que estão lá também. Alguns possuem professores de canto. Eu não tenho, mas eu procuro aquecer minha voz. E está sendo muito legal. Nunca tinha feito esse trabalho, aliás, só tinha feito fono depois do acidente para poder recuperar a minha fala. Mas era outro tipo de exercício, outro tipo de trabalho. Eu estou gostando bastante. Por ser uma situação nova. Está tendo um avanço legal. Estou feliz.
Você ficou quanto tempo sem falar?
Fiquei uns 30 dias sem falar. Na verdade falar é falar de verdade. Não saía praticamente nada da minha voz. A cirurgia (da coluna) machucou as cordas vocais. E aí eu tive que fazer muita fono. Aqui eu fiquei 36 dias aqui no hospital, foram mais 15 na Colômbia e sete em São Paulo. O trabalho de fono começou lá na Colômbia e foi finalizado aqui.
Quando você era criança, sonhava em ser cantor?
Sim, sim. Eu tinha esses dois sonhos, ser jogador ou cantor. E aí veio o primeiro sonho graças a Deus, de ser jogador, que eu consegui realizar. Apesar da carreira curta, sinto muito orgulho por tudo que fiz. Cresci como profissional, como homem, no futebol, no esporte. E sempre gostei de cantar. Tinha esses dois sonhos e agora o futuro reservou essa situação do programa, que está sendo muito legal. Então eu fico feliz e muito motivado. Dá uma segurança também para todo domingo poder subir ao palco e tentar cantar o mais tranquilo possível, poder focar bastante na letra, na voz e, graças a Deus, até então tem dado muito certo.
Qual a diferença de entrar para um jogo e entrar para cantar?
Eu vejo que é muito mais difícil cantar porque, como o programa é ao vivo é cheio de câmeras, você precisa que estar ligado. Meu maior concorrente sou eu mesmo porque tenho que saber como me portar diante das câmeras, saber como reagir, focar na letra, focar na música, aquecer minha voz. É bem difícil. Falo também isso porque, como atleta, eu treinava todos os dias e na verdade sabia o que iria fazer. Essa questão de pisar no palco, de ser um programa ao vivo, com milhões e milhões de pessoas assistindo é uma é uma questão nova para mim. Dá aquele friozinho na barriga, a perna treme, não tem como ser diferente. Mas é gostoso sentir esse friozinho na barriga. Quando você dá as primeiras notas, começa a cantar, dá uma tranquilizada, Você vê que a coisa já está indo dentro do esperado, como você trabalhou e ensaiou. É sempre focar, ficar bem concentrado, pedir a Deus que ilumine e vamos embora.
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