Paulo Bauer (PSDB) deixou o plenário do Senado ao não se reeleger nas eleições de outubro do ano passado, mas ficou pouco tempo sem cargo. Sondado desde dezembro de 2018 para a Casa Civil, a formalização e a aceitação do convite vieram após a primeira quinzena de janeiro.
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Agora, mesmo ainda não tendo tomado posse — o nome do catarinense foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) na segunda-feira —, o ex-senador ocupa a cadeira de Secretário Especial para o Senado da Casa Civil. Em resumo, Bauer passa a ser o elo entre o Palácio do Planalto e os senadores.
Em entrevista à NSC Comunicação na tarde desta sexta-feira (22), Bauer falou sobre a atual rotina. A ponte aérea entre Santa Catarina e Brasília continua e não está nos planos do agora secretário firmar residência permanente na Capital do país.
Esclareceu ainda quais as funções lhe competem frente à secretaria e ainda sobre a saída de Napoleão Bernardes, ex-prefeito de Blumenau e candidato a vice-governador do Estado na última eleição. Sobre isso, Bauer foi taxativo. O tucano não encara a situação uma crise e sequer pensa em deixar o PSDB neste momento. Confira a entrevista na íntegra:
Sobre o PSDB
O senhor percebe que existe uma crise no PSDB atualmente?
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Quando há uma filiação no partido sempre há um motivo de comemoração, quando há uma saída, também há motivos para se lamentar. Evidente que sempre que uma liderança deixa o partido, os que permanecem no partido vão lamentar a perda. Mas, a vida do partido não se encerra com a saída de alguém, nem passa a ser completamente diferente com a entrada de alguém. O partido é uma instituição que está acima das pretensões pessoais e dos seus filiados, o partido está acima das questões que dizem respeito a um determinado fato ou momento político. Então, eu pelo menos, encaro a saída de Napoleão (Bernardes, de Blumenau) não deve ser visto nem como o último nem como o primeiro, porque já aconteceram muitas outras vezes de as lideranças do partido deixarem o partido, como acontece muitas vezes de lideranças novas ingressarem no partido. Daqui a pouco vai ingressar alguém, daí vamos chamar de que, de festa? Se agora estamos chamando de crise? Eu não sei se dá para chamar de crise porque uma liderança deixou o partido. Não considero isso uma crise, absolutamente. Crise é quando temos uma sucessão de fatos e como temos uma situação pontual, eu não chamaria de crise. Eu apenas posso dizer que é lamentável que o partido perca lideranças de qualidade, que têm uma história de convivência, de relacionamento, de trabalho. É lamentável, mas longe de chamarmos isso de crise.
O senhor estuda deixar a legenda ou fazer migração partidária nesse momento?
Olha, quem falou isso, já vi isso publicado em alguns blogs, quem fala ou falou isso, primeiro, não tem autoridade para fazê-lo. Não sei quem é, não conheço, não sei quem fomenta, mas quem fomenta não tem autoridade para fazer. Segundo lugar, não está autorizado a fazer. Terceiro lugar, está trabalhando para confundir a opinião pública e está se valendo da boa fé da imprensa. Porque eu nunca, em nenhum momento, falei ou cogitei dessa possibilidade. Nunca falei, nem cogitei essa possibilidade. Isso só pode ser obra de quem faz política com maldade, só pode ser obra de quem é desinformado e de quem quer se valer da imprensa para criar problemas. Se fosse alguém de caráter elevado, diria o nome e deixaria a imprensa divulgar. Eu nunca autorizei imprensa nenhuma a falar. Nunca comentei desse assunto. Não passa pela minha cabeça esse assunto neste momento, então não sei por que alguém chega a comentar isso.
Sobre ser secretário especial
O senhor já estava sendo sondado para assumir a secretaria?
Em dezembro, perto do dia 20, o ministro Onyx (Lorenzoni) fez uma sondagem comigo me consultando se eu poderia eventualmente atender a um convite e eu disse a ele que iria pensar e avaliar, mas esse assunto vazou para imprensa por parte de alguém da equipe dele ou do presidente. Em janeiro se tornou público e depois disso eu fui a Brasília, lá pelo dia 20, quando tive uma conversa com o ministro e ele então me formalizou o convite. E eu, depois de ter feito uma análise dessa possibilidade, aceitei e quero te dizer que já estou trabalhando na função desde o dia 29 de janeiro e até hoje ainda não tomei posse, portanto, estou trabalhando como voluntário.
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Na prática, como será o trabalho do senhor?
O cargo tem a principal incumbência, a principal missão, de fazer a interlocução entre o Palácio do Planalto e a Casa Civil com os senadores e vice-versa. Obviamente essa secretaria me incumbe de acompanhar todos os pleitos dos senadores no poder Executivo, todas as suas necessidades e prioridades, como também vai acompanhar e decidir agenda, questões de viagens ministeriais que serão feitas, convidar os senadores para participar dessas viagens dentro do país. Por outro lado, vamos cuidar das agendas que os senadores tiverem com o ministro da Casa Civil e também vamos, obviamente, acompanhar a liberação de recursos, emendas parlamentares, vamos dar todas as informações e os elementos para subsidiar os senadores quanto aos projetos do governo que tramitam no Senado, para que eles tenham o maior nível possível de informação para a melhor tomada de decisão.
Tem algum ponto que o senhor avalia que será ou pode ser um desafio?
O desafio da secretaria é o desafio do governo, desafio que o presidente está colocando como primeiro desafio a ser vencido. No campo do Legislativo é a aprovação desses projetos na área da Justiça e também da Reforma da Previdência, que são os dois primeiros projetos enviados, exatamente por serem prioridades do governo. É necessário, obviamente, que o Senado se manifeste depois da Câmara, vote e discuta depois da Câmara. Mas isso não impede que desde agora a gente já comece a fazer todo um trabalho de informação, justificativa, avaliações que a gente vai poder fazer e que vão subsidiar o trabalho dos senadores.
No dia a dia o senhor tem mais contato com o ministro Onyx ou com o presidente?
Diretamente com o ministro até porque eu pertenço à Casa Civil, mas obviamente, quando necessário a gente também fala com o presidente. Não há porque não ser desta forma, se necessário.