Os jogadores do Figueirense trocaram o WO e a semana de greve pelo coração e pela garra. Jogando no limite e com forte apoio da maioria dos 2,9 mil torcedores que estiveram no Orlando Scarpelli, o Figueira empatou em 2 a 2 com o CRB na noite deste sábado no Orlando Scarpelli. Mais do que acabar com a sequência de partidas sem vencer na Série B, os atletas buscaram a vitória como um agradecimento ao apoio que receberam pelas manifestações contra os atrasos de salários e outros pagamentos.
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Não deu. O empate se soma aos nove jogos sem ganhar do Figueirense na competição (são cinco empates e quatro derrotas). O Alvinegro continua na 13ª colocação e a apenas dois pontos do Z-4.
Na próxima rodada, a última do primeiro turno, terça-feira às 20h30min, em Ponta Grossa (PR), o Figueirense estará em ação diante do Operário-PR. No mesmo dia, às 16h30min, o CRB abre a 19ª rodada diante do líder Bragantino.
O jogo
Não era um jogo qualquer. Desde antes de a bola rolar. Se for para falar do campo, começa antes de a bola rolar. Os dois times, incluindo os reservas, posaram juntos para a foto oficial antes da partida. Depois da redonda ser tocada, o Figueirense assumiu a posse de bola e jogou no campo de ataque, pressionava quando o CRB tinha a bola. Até aquele momento nem parecia que os atletas ficaram uma semana sem treinar.
O primeiro arremate do confronto foi alvinegro, com o capitão Zé Antônio. O volante mandou paulada em cobrança de falta da intermediária. A bola pegou altura e passou sobre o travessão. Dois minutos depois, Willian Popp mandou no gol e o goleiro Vinícius abraçou. Mas a jogada que mais assustou ocorreu na sequência. O cruzamento da direita passou a centímetros do gol e por pouco Rafael Marques não conseguiu completar para o fundo das redes.
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Só dava Figueirense e, aos 16, Fellipe Mateus emendou rebote e só não botou na rede porque a bola foi desviada pela defesa. Aos primeiros sinais que a intensidade alvinegra estava por baixar, veio a jogada que terminou em placar aberto. Aos 28, Rafael Marques encontrou Victor Guilherme passando pela direita e botou na medida para ele fazer o cruzamento em curva para Willian Popp, na corrida, encontrar a redonda de frente e cabecear nas redes.

União na comemoração
A comemoração foi marcante, como não poderia deixar de ser por conta dos últimos episódios envolvendo os atletas na crise financeira que passa o Figueirense. Ele correu em direção ao banco de reservas chamando todo mundo para um abraço coletivo. Todo mundo: jogadores em campo, reservas e comissão técnica. O CRB respondeu cinco minutos depois, em cobrança de falta venenosa de Ferrugem que exigiu de Elisson a defesa no cantíssimo.
No entanto, aos 41, o goleiro pareceu mal posicionado para o mesmo Ferrugem. O ex-Figueirense mandou com força e por cima, fez com que Elisson ficasse de frente para as redes e a bola dentro do gol. O CRB ameaçou um crescimento e foi feliz para empatar em um chute aparentemente despretensioso.
Segundo tempo
Sem mudança no intervalo, o Figueirense voltou a campo como iniciou o primeiro tempo. Foi para cima e voltou a ficar na frente do placar logo aos seis. Willian Popp aparou no lado esquerdo, foi no fundo, gingou em cima do marcador e mandou um chute que ficou entre a finalização e um cruzamento. O goleiro Vinícius deu um leve desvio que virou ajeitada para Fellipe Mateus chegar empurrando a bola para dentro do gol: 2 a 1.
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A vantagem poderia ter sido aumentada aos 12. Fellipe Mateus aproveitou o vacilo de Ferrugem, tomou a bola e mandou para Tony sair em disparada até a área. Ele foi para tentar o drible no goleiro, mas recebeu o tranco da marcação e levou a pior na dividida. Ficou sem a bola e sem o gol. Fez falta, porque aos 16 estava tudo igual no marcador.
A cruzada na área encontrou Léo Ceará adiantado para desviar no cantinho esquerdo de Elisson. Não deu para o goleiro. Então os treinadores fizeram o que era presumível com o 2 a 2 no Scarpelli. O Figueirense apostou em ofensividade: entrou Robertinho e saiu Fellipe Mateus. O CRB tirou Ferrugem e colocou um terceiro zagueiro em campo, Ewerton Páscoa, que também atua como volante.
O Figueira passou a jogar ainda mais, embora não assustasse tanto o CRB como ocorreu em outros lances ao longo da partida. A segunda troca alvinegra ocorreu aos 33, quando Betinho saiu mancando para a entrada de Patrick. Cinco minutos depois, a cartada final de Vinícius Eutrópio foi a troca de Rafael Marques para a estreia de Yuri Mamute. Foi ele quem provocou, imediatamente, o segundo cartão amarelo de Daniel Borges. Os regatianos passaram a jogar com um a menos.
A equipe tentou explorar o lado direito do adversário e ficaram próximos da torcida organizada, que foi para junto da grade que separa as arquibancadas das sociais para protestar contra conselheiros e diretores da empresa gestora do futebol do Figueirense. Em campo, os jogadores fizeram por merecer o apoio do torcedor, apesar do jogo no Scarpelli não ter terminado em triunfo e com o fim do jejum de vitórias na Série B.
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FICHA TÉCNICA
Figueirense 2 x 2 CRB
FIGUEIRENSE
Elisson; Victor Guilherme, Alemão, Ruan Renato e Roberto; Zé Antônio, Betinho (Patrick) e Tony; Fellipe Mateus (Robertinho), Willian Popp e Rafael Marques (Yuri Mamute).
Técnico: Vinícius Eutrópio.
CRB
Vinícius; Daniel Borges, Victor Ramos, Wellington Carvalho e Igor, Ferrugem (Ewerton Páscoa), Claudinei, Lucas Siqueira (Élton Arábia), Felipe Ferreira (Willie) e Alisson Farias; Léo Ceará.
Técnico: Marcelo Chamusca.
GOLS: Willian Popp, aos 28 do primeiro tempo, e Fellipe Mateus, aos 6 do segundo tempo (F). Ferrugem, aos 41 do primeiro tempo, e Léo Ceará aos 16 do segundo tempo (C).
CARTÕES AMARELOS: Ruan Renato (F). Daniel Borges (C).
EXPULSÃO: Daniel Borges (C).
ARBITRAGEM: Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, auxiliado por Daniel Paulo Ziolli e Miguel Cataneo Ribeiro da Costa (trio de SP).
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BORDERÔ: 2.920 torcedores para renda de R$ 52.230.
LOCAL: Estádio Orlando Scarpelli