Talvez a chuva que, embora por pouco tempo no meio da tarde abafada, tenha espantado os frequentadores. Talvez estavam todos recolhidos, descansando para a night. O fato é que aquela gente dourada com aqueles corpos esculturais onipresentes em reportagens sobre Jurerê Internacional não foi encontrada na praia nesta véspera de réveillon – nem no trecho de areia entre os über-super-descolê beach clubs Cafe de La Musique e Taikô, tradicional passarela para curvas, músculos, carteiras recheadas e alpinistas sociais. Pelo contrário: a paisagem era dominada por pessoas normais, sem pose, com suas imperfeições & hábitos reprovados por Gloria Kalil.

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Como as amigas Julia Moraes, Júlia Córis, Mozara Abdalla, Luana Vandresen, Marina de Wit e Michelle Lack, todas entre 17 e 18 anos. Com muito custo, elas conseguiram montar o gazebo onde pretendem esperar a virada do ano à beira-mar.

– Desde 2012 passamos aqui, é melhor do que ir para alguma festa – conta Mozara.

Farofa? A ceia será em casa mesmo, pois três delas moram (com os pais) em Jurerê Internacional. Todas vivem em Florianópolis e cursam (ou estão estudando para cursar) Direito, Administração e Medicina. A exceção é Michelle, suíça de Berna, que está pela primeira vez no país a convite de Mozara, a quem conheceu durante um intercâmbio na Califórnia. Nem bem chegou, a gringa já aprendeu um vocabulário básico em português para se virar na temporada:

– Cachaça, caipirinha, caipivodka, desculpa, obrigado, tudo bom, cala a boca, filho da p*, estou com fome, brigadeiro, açaí – cita a ruiva, com sotaque carregado.

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Foto: Charles Guerra / Agencia RBS

Depois do jantar, o plano do grupo é voltar para a areia e curtir até o amanhecer. Vai ter som (“de tudo, de funk a deep house”, diz Marina), comes (“uva, para a gente jogar 12 bagos no mar à meia-noite”, ensina Julia) e bebes proibidos a menores – e rapazes, ora se não. Os amigos ficaram de chegar mais tarde e tomar conta das coisas enquanto as moças ceiam.

– A gente podia esperar para eles montarem nossa barraca, mas preferimos fazer nós mesmas – garante Marina.

Diante de tamanha demonstração de empoderamento feminino, só resta desejar um feliz 2016 para as moças.

Foto: Charles Guerra / Agencia RBS