Sob o arco e o teto desenvolvidos pelo renomado arquiteto britânico Norman Foster, 87.453 privilegiados assistiram a Seleção ser derrotada pela Inglaterra por 2 a 1, na tarde desta quarta-feira, na reestreia e primeiro teste de Felipão no comando técnico da equipe.

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O lendário Wembley sediou uma partida movimentada, com brasileiros e ingleses criando e marcando se não de forma brilhante, pelo menos eficientemente.

Rooney, aos 25 do primeiro tempo, aproveitou um rebote e abriu o placar. Fred, que entrou no lugar de Luís Fabiano, empatou aos dois da etapa complementar. Mas Lampard, em um chute de primeira, de fora da área, definiu a vitória inglesa aos 14 minutos.

Antes de tudo isso, houve um minuto de eminente silêncio em meio às visíveis tarjas pretas nas mangas das camisas dos jogadores. Por dois motivos: à tragédia de Santa Maria, ocorrida no dia 27 de janeiro, e aos 55 anos do acidente aéreo que vitimou 28 pessoas – entre jogadores e dirigentes do Manchester United, que retornavam de uma partida em Belgrado e faziam escala em Munique, na Alemanha, onde também morreram civis.

GALERIA: Veja fotos da derrota brasileira, nesta quarta, em Londres

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Primeiro tempo

Estudado, mas movimentado. Assim começou o amistoso entre Inglaterra e Brasil, em Wembley. E a primeira boa chance veio com Neymar. Aos seis minutos, ele recebeu lançamento na entrada da área, mas não conseguiu dominar. Hart segurou firme.

Três minutos depois, foi a vez dos ingleses assustarem a defesa brasileira. Em um escanteio cobrado por Gerrard no lado direito de ataque, Rooney cabeceou e Julio César fez uma defesa espetacular: ao quicar, a bola entraria em cima, e o goleiro, demonstrando reflexo e agilidade, se esticou para espalmar, ao melhor estilo Gordon Banks na antológica intervenção à cabeçada de Pelé, na Copa de 1970.

Aos 11 minutos, Oscar arriscou um chute perigoso de fora da área. Forte, o arremate foi por cima, sem perigo para Hart, que observava de longe uma partida equilibrada e muito disputada nos lados do campo, com as equipes fechadas, mas trocando passes curtos ao mesmo tempo em que arriscavam alguns lançamentos mais distantes.

Pelo lado esquerdo, o Brasil criou a sua melhor oportunidade até então: a bola cruzada por Ronaldinho encontrou o braço de Cahill. O árbitro português Pedro Proença assinalou pênalti. Eram 17 minutos. Aos 18, o próprio Ronaldinho pegou a bola, ajeitou, se posicionou e correu. Bateu forte, mas não totalmente no canto, adivinhado com precisão por Hart, que defendeu. Na sequência, o meia brasileiro disparou na direção da bola para aproveitar o rebote. Hart, de novo, fez grande defesa.

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O jogo seguiu equilibrado e bastante disputado no meio-campo, ora no centro, ora nas pontas, com os volantes e zagueiros, entre a intermediária e a grande área, sendo a barreira dos meias e atacantes. A Inglaterra, no entanto, melhorou. Buscou furar o bloqueio e arriscar mais. Aos 21 minutos, Welbeck recebeu de Wilshere, no lado esquerdo da grande área, arrancou e bateu, de perna direita. Por cima. Um minuto depois, o lateral-esquerdo inglês Ashley Cole arriscou o chute. Também por cima.

Tamanha perseverança inglesa resultou na abertura do placar em Wembley: aos 25 minutos, Wilshere arrancou pelo meio e lançou Walcott, às costas da defesa brasileira, no lado direito de ataque. No chão, Julio César defendeu de maneira precisa. Mas, no rebote, Rooney, de primeira, empurrou para o gol vazio: 1 a 0 para a Inglaterra, que se impôs no jogo, aproveitou os espaços no meio e seguiu na luta para ampliar.

Outra boa jogada da Seleção ocorreria somente aos 36 minutos, quando Oscar arrancou pela ponta direita, em velocidade, ergueu a cabeça e observou Neymar no segundo poste. O passe saiu perfeito. A conclusão, não. A bola, que passou às costas da zaga inglesa e à frente de Hart, quicou pouco antes de encontrar o pé esquerdo de Neymar, que concluiu para fora.

E o primeiro tempo terminou com a Inglaterra em cima em pelo menos duas boas tentativas: aos 41, após uma sobra no lado esquerdo da entrada da grande área, Rooney chutou forte. Atento, Julio César observou a bola passar voando pelo lado direito. Dois minutos depois, Walcott recebeu passe já dentro da grande área, lado direito. Ele dominou, calibrou e arrematou com força e precisão para Julio César espalmar.

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Segundo tempo

Como terminou a primeira etapa, começou a segunda: movimentada. Logo aos 47 segundos, Steven Gerrard – lendário meio-campista do Liverpool, homenageado antes da partida junto com Ashley Cole por ter chegado a cem partidas pela seleção inglesa – bateu forte, do lado direito, de fora da grande área. Julio César caiu para defender, mas espalmou. No rebote, a zaga brasileira afastou.

Com Lucas no lugar de Ronaldinho, Arouca no de Ramires e Fred no de Luís Fabiano, bastaram dois minutos para brilhar a estrela de Felipão. Ao tentar afastar a bola, a defesa inglesa deu um presente para Lucas interceptar e tocar para Fred, na entrada da área. De perna esquerda, firme, tal qual um centroavante cara a cara com o gol, ele bateu forte no esquerdo de Hart para empatar: 1 a 1.

No lance seguinte, menos de um minuto após o gol, o mesmo Fred ainda colocaria a bola no travessão depois de nova falha da zaga britânica. Desta vez, o passe foi de Oscar. A sucessão de bons momentos foi suficiente para o Brasil controlar um pouco melhor o meio, resguardar a defesa e manter a posse de bola por mais tempo. O último passe, no entanto, continuava deficitário.

Aos 10 e aos 13 minutos, as chances foram inglesas. Primeiro, um escanteio cobrado por Gerrard encontrou Cahill, que pulou para cabecear com força. Julio César, no meio do gol, se esticou para espalmar por cima. Depois, Gerrard aproveitou um rebote e chutou forte, também por cima da goleira.

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A Inglaterra tanto insistiu que, um minuto depois, aos 14, voltou a ficar na frente. Pela direita, Walcott passou por Adriano – tônica durante todo o segundo tempo – e cruzou. Julio César defendeu e a zaga afastou, mas Arouca recuou e fez com que David Luiz fosse pressionado por Milner. Lampard aproveitou a sobra e, de primeira, com a bola no ar, chutou no lado esquerdo do goleiro brasileiro. A esfera bateu na trave e entrou: 2 a 1.

A partir daí, o ritmo baixou, a Inglaterra se fechou e o Brasil pouco criou. Oscar, isolado e pouco inspirado, arriscou um chute por cima aos 29 minutos. Fred, aos 32, tentou aproveitar rebote da zaga inglesa. Mas o fato é que a Seleção esbarrava facilmente na eficiente marcação adversária.

Com as tradicionais duas linhas de quatro – e com os atacantes na intermediária de defesa, na espreita de um contra-ataque fulminante -, os ingleses brecavam todas as tentativas, principalmente pelo meio, já que pelas pontas o Brasil pouco arriscava. O último suspiro de uma reação ocorreu aos 45 minutos, quando Oscar chutou de fora da área. Para fora.

Venceu quem mais se impôs, quem mais tentou, quem mais arriscou, quem melhor aproveitou, mesmo que a marcação tenha sido o ponto mais explorado por ambos os times. Em mais um clássico no mítico Wembley, ganhou o melhor, ganhou quem melhor marcou, quem menos errou.

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O primeiro teste de Felipão começou com derrota tal qual da primeira vez. Em julho de 2001, o revés foi para o Uruguai. Pela frente, nitidamente, o técnico, inegavelmente multicampeão, terá trabalho. Bastante trabalho.

FICHA TÉCNICA

Amistoso internacional – Estádio Wembley, em Londres – 6 de fevereiro de 2013

Inglaterra – 2

Hart; Johnson, Walker, Cahill e Cole (Baines/intervalo); Wilshere, Gerrard, Walcott (Lennon, 30’/2ºT) e Welbeck (Milner, 15’/2ºT); Cleverley (Lampard/intervalo) e Rooney. Técnico: Roy Hodgson.

Brasil – 1

Julio César; Daniel Alves, David Luiz (Miranda, 40’/2ºT), Dante e Adriano (Filipe Luís, 24’/2ºT); Paulinho (Jean, 15’/2ºT), Ramires (Arouca/intervalo), Oscar e Ronaldinho (Lucas/intervalo); Neymar e Luís Fabiano (Fred/intervalo). Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Gols: Rooney (Inglaterra, 25’/1ºT); Fred (Brasil, 2’/2ºT); Lampard (Inglaterra, 14’/2ºT)

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Arbitragem: Pedro Proença (Portugal)

Cartões amarelos:

Cartões vermelhos:

Público: 87.453 pessoas