O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) é um dos mais liberais parlamentares do PT. Defende a legalização do cultivo de pequenas quantidades de maconha, a descriminalização do usuário de drogas e a união civil homossexual. Advogado e com histórico de militância na questão da aids e dos direitos humanos, Teixeira acredita que o governo não poderá fugir do debate de temas polêmicos com os evangélicos.
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A mistura de religião com política não contamina as relações entre governo e Congresso?
Paulo Teixeira – Esse debate de valores é inevitável em toda a sociedade e o Congresso terá de fazê- lo. No caso da união civil homossexual, o Congresso se negou a fazer, e o Judiciário acabou resolvendo. Temos de encarar com naturalidade as posições que vêm para o debate.
O governo é refém das bancadas religiosas?
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Teixeira – Isso tem de ser melhor qualificado. Os evangélicos têm posições, e não vamos convencê- los a mudar de ideia. Mas tampouco podemos deixar de discutir temas que afetam a sociedade. Não concordo com a ideia de que o governo está recuando, no entanto, acho que a governabilidade não deve impedir o debate.
O governo fica constrangido por não deflagrar políticas por conta de pressão religiosa? Teixeira – O combate à homofobia tem de ser feito, a educação contra o preconceito também. Não pode haver recuo. Não sei se o governo está disposto a discutir o tema da descriminalização das drogas. Sobre o aborto, o governo já disse que vai deixar esse debate para o Congresso. A gritaria em relação à nova ministra é injustificada. O governo já se posicionou, dizendo que cabe ao Congresso conduzir essa discussão.
E como deve agir o PT?
Teixeira – Esses temas envolvem questões de consciência, não há um alto grau de consenso. Temos gente no PT que é contra e a favor do aborto. Eu mesmo não tenho conhecimento suficiente para opinar. Nós somos cobrados pela nossa militância. De maneira geral, na questão da homofobia e de uma política alternativa para as drogas, o governo não pode e não deve recuar.
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