Este é mais um ano de polêmica em relação ao resultado dos desfiles das escolas de samba de Florianópolis. O motivo, mais uma vez, é a quantidade de componentes, que resultou no rebaixamento da União da Ilha da Magia. Possível vice-campeã do Carnaval, a escola da Lagoa da Conceição não só perdeu o troféu como foi rebaixada ao Grupo de Acesso em 2017 após ser penalizada com cinco pontos por não ter a quantidade mínima de 1.500 pessoas desfilando na passarela Nego Quirido, no último sábado, 6.

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Apesar de no momento da apuração, na tarde de segunda-feira, 8, a decisão ter sido acatada, a escola de samba entrou com um processo contra Liga das Escolas de Samba de Florianópolis (Liesf), nesta quarta-feira, e tem 48 horas para reunir provas e mostrar que entrou na passarela com mais de 1.700 componentes e não 1.452, número apresentado pela organização.

– Queremos mostrar que a contagem foi falha e que não podemos ser punidos pelos erros deles – desabafou o presidente da UIM, Valmir Brás de Souza.

Ele alega que foram entregues mais de 1700 fantasias às pessoas que desfilaram pela UIM.

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– É impossível que mais de 300 pessoas tenham faltado ao desfile depois de já terem retirado as fantasias – disse Valmir, afirmando ainda que o controle da escola é rígido. Cada chefe de ala sabe exatamente a quantidade de pessoas que retiraram a roupa no barracão e que comparecem ao desfile, ele garante.

– Depois que for provado que houve erro na contagem, a Liesf vai ter que decidir o que fazer – finalizou o presidente, confiante.

Como é feita a contagem

Apesar de não querer se manifestar por ainda não ter recebido uma notificação oficial sobre o processo movido pela União da Ilha da Magia, o presidente da Liesf, Joel Costa Souza, afirma estar tranquilo em relação aos métodos aplicados para a contagem de componentes durante os desfiles.

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– A contagem é feita por uma empresa com muita credibilidade e experiência na área. Eles têm uma equipe que fica nos portões contabilizando com um cronometro digital a quantidade de pessoas que passam em cada ala, inclusive sob a supervisão de fiscais das outras escolas. Então, a margem de erro é muito pequena – garante.

Requisitos

Casa escola tem, obrigatoriamente, que respeitar alguns quesitos para não serem penalizadas.

A quantidade mínima é de 30 componentes na ala das baianas, 120 na bateria, dois casais de mestre sala e porta bandeira, 10 na comissão de frente (no máximo 15) e 1500 pessoas em toda a escola.

A quantidade de alas, bem como da quantidade de pessoas em cada uma dela não segue nenhum regulamento, mas todo o desfile deve ser feito em, no máximo, 70 minutos.

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O desfile

A União da Ilha da Magia entrou na Passarela Nego Quirido com o dia amanhecendo. Já passavam das 4h quando os fogos anunciaram a entrada da escola, trazendo como enredo o Haiti, o país mais africano das Antilhas. Ao todo, foram 22 alas, três carros, um tripé da comissão de frente e três casais de mestre sala e porta bandeira.

O carro abre-alas trouxe uma representação da cultura afro, um ritual de culto a deuses de origem africana. Um escultura gigante de Dahomey Vodun em cores vibrantes e movimentos impressionou o público. As baianas faziam referência aos índios que foram substituídos pela mão de obra escrava durante o período da colonização. Exploradores franceses e espanhóis e a brasileira Zilda Arns, que morreu em um terremoto quando estava em missão pelo país, foram lembrados com bonecos e alas inteiras na passarela.

Não é a primeira vez

Em 2015 o mesmo problema tirou da Unidos da Coloninha o título de campeã do Carnaval. A escola, que teve Iemanjá como enredo naquele ano, foi punida com a perda de 10 pontos porque faltou uma pessoa na ala das baianas. O regulamento prevê o mínimo de 30 integrantes nesta ala. A penalidade deixou a escola em quinto lugar.

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