Um fotógrafo não copia o mundo, interpreta-o. Para além da eterna questão se fotografia é arte ou não (não seria melhor “e” não?), o recém-formado Coletivo Multicor une fotógrafos de profissão e artistas visuais que utilizam a foto como linguagem na exposição Intercâmbio de Imagens, que abriu na última quarta e segue aberta para visitação até 30 de janeiro no Museu da Escola Catarinense (MEC), no Centro de Florianópolis.

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– A fotografia, quando tenta ter estatuto de verdade, não consegue. Ela não existe sem o fotógrafo, que tem a sua própria bagagem. Então sempre estarão na foto as escolhas do fotógrafo – diz Lucila Horn, curadora da mostra.

A frase é para explicar que não há fotografia que não seja autoral. A exposição, por exemplo, reúne nada menos que 55 fotógrafos que mostram suas visões de mundo através das lentes. A realização é do Estúdio Multicor de impressão fotográfica.

No Coletivo Multicor: Intercâmbio de Imagens a fotografia aparece como possibilidade de expressão. Por isso, nas paredes da sala Mutações do MEC, veem-se tanto imagens que seguem à risca técnicas fotográficas quanto abstrações estéticas.

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– Porque fotografia é muito mais que enquadrar e focar – diz Lucila.

Para o fotógrafo Caio Cezar, os profissionais da foto mantiveram-se muito tempo presos aos métodos.

– Só que com toda a democratização de equipamentos, a arte libertou os fotógrafos do peso de apenas usar a técnica. Não existe o acertar ou errar dentro da arte – diz ele.

Estilos valorizados

* Por Emerson Souza

Do clássico ao ousado, assim é a exposição Intercâmbio de Imagens. A ideia de colocar 55 trabalhos de fotógrafos juntos funcionou muito bem nessa mostra que contempla vários estilos sobre como fazer uma imagem.

Um dos temas mais tratados por fotógrafos do mundo está lá, a dor e a perda, como a imagem de cruz no cemitério, de Otávio Nogueira.

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As tradicionais, mas sempre lindas fotos, de pescadores, cafés e cotidiano em preto e branco, também estão contempladas.

A exposição tem seu tom moderno, em que profissionais acrescentam o computador na fotografia, trabalhos com uso de programas de tratamento, que se apropriam das duplicações e aplicações de fundos e texturas. Todas com bom gosto.

Entre tantas que chamam a atenção, destaco a ousadia da foto de Guilherme Dimatos, que fotografou o nu em preto e branco, com muito talento e que desconcerta pela pose escolhida.

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A obra de Alexandre Freitas chama a atenção pelo grafismo e os objetos em uma desordem ordenada, em uma foto contemporânea em que o olhar se perde.

Uma exposição que valoriza todos os estilos de fotógrafos e, acima de tudo, valoriza a arte.

A exposição ganharia em grau de importância se tivesse restrição as datas de captação das imagens e com um tema que agrupasse os trabalhos.

Mesmo assim vale a pena conferir.

Emerson Souza é editor de Fotografia do Diário Catarinense

Agende-se

O quê: Coletivo Multicor: Intercâmbio de Imagens

Quando: visitação até 30 de janeiro, de segunda a sexta, das 14h às 19h

Onde: Sala Mutações, no 3º piso do Museu da Escola Catarinense (Rua Saldanha Marinho, 196, Centro, Florianópolis)

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Quanto: gratuito

Informações: (48) 3225-8658