O barulho do cortador de grama no campo do Augusto Bauer na tarde ensolarada de quinta-feira anuncia: chegou a hora de preparar o palco para uma festa. Sorriso daqui e comprimentos de lá são distribuídos nos arredores do estádio pelos torcedores que não escondem a empolgação de jogar uma final de um campeonato nacional.

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O Brusque enfrenta o Manaus-AM no domingo, às 16h, pelo primeiro jogo da decisão da Série D do Brasileiro. Entre os torcedores e funcionários do clube a única dúvida que resta é: qual será o placar a favor para o time sair em vantagem no domingo? O otimismo tem embasamento. Jogando no Gigantinho, como o estádio é carinhosamente chamado pelo torcedor, a equipe brusquense venceu os sete jogos que disputou na competição nacional, com 21 gols marcados e três gols sofridos (nenhum deles nos jogos de mata-mata).

É notável o clima diferente nas ruas. Uma faixa gigante, com a frase “Eu credito” foi colocada em uma das passarelas que atravessam o Rio Itajaí-Mirim. Na movimentada Avenida Lauro Müller, dezenas de carros param e os condutores descem para comprar os ingressos da final, como se estivessem distribuindo água no deserto.

Em apenas uma tarde foram vendidos mil entradas, tanto que na quinta-feira só restavam os lugares na geral. E quem conseguia os disputados “tiques” já aproveitava para garantir a camisa especial do Brusque, que no peito leva a frase “Acesso a Série C”, um pedaço da história do clube.

Na medida em que os jogadores iam chegando ao estádio para pegar o ônibus e seguir para o campo de treinamento, o carinho e a confiança eram passados pelos torcedores que tratam cada um da equipe como xodó. O goleiro Dida ainda era parabenizado pela defesa na decisão por pênaltis.

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Sentimento de orgulho

No meio da fila, surge um homem e pergunta: “Tem bandeira do Brusque?”. Após receber a notícia de que não havia, ele segue o rumo atrás do objeto. E fala com gosto da antiga paixão:

– Queria a bandeira pra colocar na sacada do meu apartamento. Isso que tá (sic) acontecendo aqui é um orgulho muito grande, ainda mais pra quem acompanha há tempo como eu. Já estou com os ingressos pra ver o Bruscão – revela o torcedor Bruno Witzke.

Tudo isso pode parecer mais um dia comum na rotina de Brusque, mas esses últimos têm sido especiais. É reflexo do momento mais importante que o time já viveu, desde 1992, quando conquistou o título do Campeonato Catarinense. Afinal, agora, o Brasil inteiro está com os olhos e ouvidos voltados para cidade do Vale do Itajaí.

O técnico do Brusque, Waguinho Dias, reconhece a relevância da final e fala sobre isso não só como referência para a cidade, mas aponta como um destaque para o Vale e o Estado:

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– O Brusque já leva por si o nome da cidade. Se conseguirmos o título, isso é muito importante a nível estadual. O clube vem se estruturando e estamos, sem dúvida, num caminho a ser seguido pelos times que estão ao nosso redor.

Busca por lugar em grupo seleto

Em especial pelo momento que o futebol catarinense vive no cenário nacional. Avaí e Chapecoense amargam posições na zona do rebaixamento na Série A. O Figueirense atravessa crise financeira que passou a repercutir em campo, enquanto o Criciúma luta para deixar o Z-4 na Série B.

O acesso à Série C para 2020 já está garantido. A conquista dará ao Brusque, além de uma taça e o prestígio de ser campeão, uma vaga no seleto grupo de clubes de SC com títulos nacionais: Avaí (Série C, em 1998), Criciúma (Copa do Brasil, em 1991; Série B, em 2002, e Série C, em 2006) e Joinville (Série C, em 2011, e Série B, em 2014).

Isso que tá acontecendo aqui é um orgulho muito grande, ainda mais pra quem acompanha há tempo como eu – diz o torcedor do Brusque, Bruno Witzke.
Time terá mudanças para a partida deste domingo
Time terá mudanças para a partida deste domingo (Foto: Patrick Rodrigues / Jornal de Santa Catarina)

“Não é só ganhar e ir embora”, diz o técnico Waguinho Dias

A oportunidade de marcar a história em um clube e também em uma cidade, é o principal combustível que move os jogadores e membros da comissão técnico do Brusque na decisão.

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– Passo para eles diariamente sobre marcar história dentro de um clube, sobre a importância de deixar um legado e sobre ajudar no crescimento. Não é só ganhar e ir embora. É ganhar e deixar uma história, fazer com que as pessoas se lembrem de quem nós fomos, deixar a própria marca – aponta o técnico do Brusque, Waguinho Dias.

Para o capitão da equipe, o zagueiro Cleyton, as conquistas se dão também, pois o clima no elenco é leve, não há intrigas ou ciúmes e a coletividade é mais forte do que anseios pessoais.

– Aqui não tem vaidade, todo mundo fala com todo mundo e todos querem o mesmo objetivo. O time é muito bom, dentro e fora do campo. Então, é muito gratificante poder ajudar o Brusque. E motivo de muito orgulho poder participar desse momento – afirma o zagueiro.

Suspenso, Fio é desfalque

Waguinho Dias usou os treinamentos ao longo da semana para testar possibilidades na escalação da equipe. Suspenso pelo terceiro amarelo, o meia Fio desfalca o Brusque no primeiro jogo da final. Dois atletas estão na briga pela vaga: Thiago Henrique e Leilson. Ambos foram testados pelo treinador nos treinos técnicos de preparação para a partida

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No Manaus-AM, o técnico Welington Fajardo também deve mudar o time. O volante Panda volta de suspensão. O atacante Rossini, com dores musculares, é dúvida.

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(Foto: Arte / Jornal de Santa Catarina)