O jogo era de despedidas. Evando dava adeus ao Avaí e à carreira de jogador profissional, enquanto o Criciúma colocava fim à temporada na Série B, já de olho na elite do futebol brasileiro. Porém, como era de se esperar em um clássico, o jogo foi tenso e equilibrado, acabando em empate por 1 a 1. Os gols foram marcados por Julinho, para o Leão, e Douglas, para o Tigre.
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O Iluminado não terminou como queria. O gol não veio, mas a emoção sim. Vestindo a camisa 117 – em alusão ao número de jogos disputados – e com a braçadeira de capitão, Evando demonstrou amor ao clube em que viveu grandes emoções e que agora passa a ser apenas torcedor. Enquanto isso, Argel e seus comandados vivem a expectativa do planejamento para 2013. Na segunda-feira, o clube divulgará suas intenções de quem deve permanecer no clube para a próxima temporada.
No Criciúma, as dispensas já começaram. Seis jogadores já deixaram o clube e outros devem sair. A dúvida é se nomes como Zé Carlos e Lucca, destaques do Tigre na Série B, além do técnico Paulo Comelli, irão permanecer para a disputa do Campeonato Catarinense e da primeira divisão. Apesar de não ter conseguido o título, o Tricolor do Sul do Estado termina a competição na vice-liderança, com o sentimento de dever cumprido.
Clima tenso e reclamação
A esperança de título obrigava o Criciúma a partir para o ataque. O Avaí, que jogava pela despedida de Evando, entrou somente com o Iluminado na frente, esperando o adversário tomar as iniciativas. Com um meio rápido, o Leão apostava nos contra-ataques. Esse foi o desenho da partida até os 30 minutos da etapa inicial, quando o Tigre teve o controle da partida e desperdiçou boas oportunidades para abrir o placar.
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Quando o sistema de som da Ressacada anunciou o gol do Joinville e a torcida do Criciúma vibrou, os jogadores do Avaí pareceram acordar. Na vontade de não permitir o rival comemorar o título da Série B em seu estádio, o Leão passou a vibrar em campo e teve boas chances. Evando, Jefferson Maranhão e Camilo desperdiçaram suas oportunidades. Julinho não. Jogando no meio-campo, o lateral-esquerdo de origem aproveitou uma falha de Kleber, que errou um passe e deixou o jogador na cara de Michel Alves. Com tranquilidade, Julinho encheu o pé, com a bola ainda quicando e marcou seu quarto gol na competição, aos 37 minutos.
A essa altura, o jogo em Goiânia marcava 1 a 1 no placar e, com o empate entre Goiás e Joinville, nenhum resultado dava a conquista para o Criciúma. O Tricolor do Sul parecia abatido e, somado ao gol, os acontecimentos abalaram o Tigre. Zé Carlos, destaque da equipe na competição, estava apagado e irritado. Em campo, brigou com o zagueiro avaiano Jaílton e na saída para o intervalo, foi xingado pelo gandula e saiu reclamando.
– Tem que ter calma, a gente tá brigando pelo título – pediu o companheiro Válber, no fim do primeiro tempo.
Velocidade e adeus de Evando
Na volta para o segundo tempo, Paulo Comelli colocou o jovem André Gava no lugar de Kleber, dando mais velocidade ao Criciúma. A mudança deu efeito e, aos 30 segundos, o substituo acertou um belo chute, obrigando Moretto a fazer uma boa defesa. Mais dinâmico, o jogo aumentou em velocidade e em emoção. Cinco minutos mais tarde, Mika arriscou de fora da área e quase surpreendeu Michel Alves.
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Na sequência, foi a vez de Evando ter sua oportunidade. Com muita vontade de se despedir com gol, o Iluminado teve uma grande chance ao finalizar de canhota depois de um cruzamento de Arlan, mas o goleiro do Criciúma fez uma linda defesa. Com a chance desperdiçada o atacante ficou reclamando consigo mesmo.
O Tigre, atrás do placar, tentava sair para o jogo, mas ficava muito exposto. Os volantes não conseguiam fazer uma boa cobertura e os laterais, Eric e Marlon, não apoiavam e nem marcavam. Mesmo assim, o Criciúma buscava chegar na vontade, em chutes de longa distância e cruzamentos para a área. Moretto, porém, se destacava, fazendo importantes intervenções.
Como no primeiro tempo, a segunda etapa também foi tensa. Depois de uma falta de Eric em Julinho, jogadores do Criciúma e do Avaí trocaram empurrões e ofensas. Pirão e França eram os mais exaltados e o volante do Tigre reclamou de um soco que teria tomado do avaiano. Porém, acabou conseguindo apenas um amarelo para si mesmo e, na sequência, foi substituído.
Aos 39 minutos, o momento que a torcida do Avaí esperava, o adeus ao ídolo. Beijando o escudo do clube na camisa e agradecendo aos torcedores, o Iluminado parou de jogar. Ovacionado, ele deixou o campo abraçando companheiros e adversários, que reconheceram a importância do jogador. Em seu lugar, um aspirante a ídolo, o jovem Dieguinho.
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Porém, na saída de Evando, outro gol aconteceu. Mas dessa vez do adversário. O Criciúma aproveitou um rebote do goleiro e Douglas, de carrinho empatou a partida, quase no final do jogo. Sem mais grandes emoções, a tarde de adeus terminou. Cada um a seu jeito, os clubes catarinenses viveram um dia importante de sua história. Para Evando, o 24 de novembro, é, a partir de agora, inesquecível.
FICHA TÉCNICA
AVAÍ (1)
Moretto; Arlan, Jaílton, Rafael, Pirão; Rodrigo Thiesen, Mika , Camilo (Marrone), Julinho, Jefferson Maranhão (Tauã); Evando (Dieguinho)
Técnico: Argel
CRICIÚMA (1)
Michel Alves; Eric, Mateus Ferraz, Ozéia, Marlon; França (Douglas), Fransérgio, Válber (Gilmar), Kleber (André Gava); Lins, Zé Carlos
Técnico: Paulo Comelli
Gol: Julinho (A), aos 37 minutos do 1º tempo; Douglas (C), aos 44 minutos do 2º tempo
Amarelos: Jaílton (A); Zé Carlos (C), Eric (C), França (C)
Arbitragem: Célio Amorim auxiliado por Kleber Lúcio Gil e Nadine Schramm Câmara Bastos, trio de SC
Local: Ressacada, em Florianópolis