A presença em território catarinense de criminosos do CV, facção precursora do crime organizado no Brasil, não é de hoje. Um dos fatos emblemáticos remete para o final dos anos 1980: a prisão pela Polícia Federal do traficante Paulinho da Matriz em um casarão com piscina e campo de futebol no então distrito do Rio Vermelho, em Florianópolis.

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Documentos de promotores criminais do Ministério Público de Santa Catarina citam o episódio como marcante para se contextualizar o histórico das facções criminosas no Estado.

Naquela década, Paulinho da Matriz, do Comando Vermelho, figurava na lista de bandidos mais perigosos do país ao lado de José Carlos Reis Encina, o “Escadinha”, Dênis da Rocinha e Meio-quilo. Era a partir deles que o tráfico firmava suas ações no Rio de Janeiro e dominava as favelas.

A escolha de Santa Catarina seria primordialmente para lavar recursos obtidos por meios ilícitos, investindo em propriedades e negócios. A mansão de Paulinho da Matriz, na Ilha, abriga hoje o Lar Recanto da Esperança, voltado à recuperação de dependentes químicos.

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Além dele, foram presos em SC, também em 1987, o traficante Dênis da Rocinha. O contato desses bandidos, recolhidos ao sistema prisional catarinense, com integrantes de outras facções, é considerado o embrião para a criação do PGC no Estado.

Também há prisões mais recentes no contexto nacional. Foi preso em SC, em 2011, Ailton Pedro da Silva Nascimento, o IT, procurado por figurar entre os principais traficantes da facção Comando Vermelho. Ele foi encontrado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP catarinense. A suspeita dos promotores é que estaria adquirindo bens e veículos de luxo, avaliados em R$ 800 mil, em nome de terceiros, em cidades catarinenses.

Anteriormente, em 2006, o traficante e irmão de Ailton, Flávio Pedro da Silva, o Kiko, foi preso em São José. Uma das empresas que lavariam dinheiro do tráfico e venda de armas, conforme o MP, é a antiga danceteria Ribeirô Club, em Florianópolis, no Sul da Ilha.

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