Ao discursar na Cúpula do Futuro, evento da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou “ambição e ousadia” dos líderes mundiais. Na terça-feira (24), o presidente deve abrir os discursos da Assembleia Geral da ONU.

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Lula falou neste domingo por cinco minutos, tempo máximo dado a cada líder. Ele falou de temas que já vem adotando em fóruns internacionais, como o combate à fome e às mudanças climáticas. Ele ainda criticou o ritmo lento para adoção de metas do desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da ONU.

— Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos, e caminham para se tornar o nosso maior fracasso coletivo. No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo — disse o presidente.

Segundo ele, os chefes de Estado e de governo têm duas grandes responsabilidades: não retroceder nas garantias de direitos humanos e “abrir caminhos diante de novos riscos e oportunidades”.

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Reforma da ONU

Lula citou avanços previstos no “Pacto pelo Futuro”, um documento que motivou a cúpula e deve ser assinado pelos países, e criticou a falta de reformas estruturais em organizações como a ONU.

— Todos esses avanços serão louváveis e significativos, mas ainda assim, nos falta ambição e ousadia. A crise da governança global requer transformações estruturais. A pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais — disse o brasileiro.

Ele disse que “a maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões”, citando que a Assembleia Geral da ONU “perdeu sua vitalidade”.

— A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades.

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Desde 2003, primeiro mandato de Lula, o presidente brasileiro cobra que o Conselho de Segurança da ONU passe a incluir países em desenvolvimento e potências globais. O Brasil integra o G4, grupo que pressiona pelo aumento das cadeiras permanentes no conselho, junto com a Alemanha, Japão e Índia.

Desde a criação, em 1945, o Conselho de Segurança tem os mesmos cinco membros permanentes: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido. A entidade da ONU vem sendo criticada pela “paralisia” frente a guerras que incluem os próprios membros, como a invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra entre Israel (apoiado pelos EUA) e os grupos extremistas Hamas e Hezbollah no Oriente Médio.

A comitiva brasileira na sessão incluía, além de Lula, a primeira-dama, Janja da Silva; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Marina Silva (Meio Ambiente), e o assessor especial de Lula e ex-chanceler Celso Amorim.

O que é o Pacto pelo Futuro

O pacto é um documento de 42 páginas, elaborado pela ONU para, segundo a organização, “garantir um futuro mais justo, seguro e sustentável”.

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O acordo inclui temas defendidos pela diplomacia brasileira e pelo presidente Lula, como:

  • reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas;
  • reforma do sistema financeiro internacional para impulsionar o desenvolvimento sustentável;
  • fortalecimento de entidades multilaterais como a própria ONU e a Organização Mundial do Comércio (OMC);
  • implementação de políticas de igualdade de gênero e combate às violências e discriminações baseadas em sexo, gênero e raça;
  • fortalecimento das ações contra a mudança climática, com a concretização dos compromissos assumidos pelos países em documentos como o Acordo de Paris.

Agenda de Lula nos Estados Unidos

Lula permanece nos EUA até segunda-feira (23), quando tem os seguintes compromissos:

  • Encontro bilateral com a Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen
  • Encontro bilateral com o Primeiro-Ministro da República do Haiti, Garry Conille
  • Participa de evento da Iniciativa Global Clinton, organizada pelo ex-presidente dos EUA Bill Clinton
  • Participa da premiação anual da iniciativa Goalkeepers, organizada pela Fundação Bill e Melinda Gates

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