O presidente Michel Temer disse estar acostumado a “pequenos embaraços” como a mais recente crise em sua base parlamentar, provocada pela manobra que permitiu a manutenção dos direitos políticos da ex-presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, essa questão acabará sendo decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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— Ela (a questão) sai do plano exclusivamente político para um quadro de avaliação de natureza jurídica, o que convém às instituições brasileiras — afirmou.
Temer deu as declarações em Xangai, na China, onde realiza sua primeira viagem oficial desde a posse na quarta-feira.
— Se o Senado tomou essa decisão, certo ou errado, não importa. O Senado tomou a decisão e parece que agora ela está sendo questionada juridicamente — afirmou Temer.
A nova crise na base aliada abala a mensagem de estabilidade política que o presidente pretende transmitir a investidores em sua primeira viagem internacional.
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— Ontem (quarta-feira) mesmo, antes de sair de lá, eu falei com companheiros do PMDB, do PSDB, do DEM e essa questão toda estará superada. Não se tratou de uma manobra, mas de uma decisão que se tomou.
O peemedebista disse que usa uma mensagem de pacificação e reunificação do País que demandará um certo tempo para ser implementada.
— Sinto que os brasileiros querem isso — afirmou, dizendo que há pessoas que se “insurgem” contra essa mensagem, mas afirmou que são “um ou outro movimentozinho”.
Acompanhando Temer na visita à China, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou que a separação do julgamento do processo de impeachment do destaque que analisou a perda de direito políticos da presidente tenha sido uma manobra. Em sua opinião, será inevitável que a questão seja resolvida pelo STF, que estaria dividido sobre o assunto.
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— Era natural que posições antagônicas nesse processo final de julgamento viessem à tona, mas elas serão administradas politicamente — declarou.
Calheiros afirmou que a manutenção dos direitos políticos de Dilma não cria precedentes para o julgamento de parlamentares que estão sendo investigados pela Lava-Jato e que poderão perder o mandato.
— Não há similaridade entre o caso da presidente e o de Eduardo Cunha. A inabilitação de um parlamentar não tem nada a ver com a inabilitação do presidente da República — afirmou, em referência ao ex-presidente da Câmara dos Deputados.
O presidente do Senado defendeu sua decisão de separar os dois julgamentos e disse que ela tem base no regimento.
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— Não foi manobra. É o regimento. Nada nos obriga a conversar sobre o regimento com as pessoas. Elas precisam ficar atentas aos desdobramentos do regimento. É ridículo alguns partidos reivindicarem a necessidade de ter conhecimento prévio do regimento — disse.
Calheiros afirmou ainda que Temer não manifestou insatisfação com a separação dos processos.