Filha de grandes artistas plásticos, referências na produção brasileira do século 20, Teresa Nazar e Nicolas Vlavianos, escultor grego naturalizado brasileiro e que segue produzindo, Myrine Vlavianos é paulistana e vive em Floripa há 15 anos. Formada em Comunicação Social pela Faap – Fundação Armando Álvares Penteado, onde seu pai é professor, Myrine tem atuação respeitada no circuito das artes visuais do país como galerista, consultora e curadora. Foi sócia da Galeria Múltipla de Arte em São Paulo e atualmente possui escritório de arte contemporânea na Capital catarinense
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Quais novos artistas catarinenses têm chances reais de destaque nacional e internacional?
Ser respeitado internacionalmente é uma conquista para poucos artistas, mas nos últimos anos um número crescente de brasileiros vem conseguindo. Entre os jovens catarinenses, os que hoje têm mais destaque nacional e possibilidade para que sua obra se consolide no exterior são a Gabriela Machado, que vive no Rio de Janeiro, e o Rodrigo Cunha. Também há outros que atuam muito bem, como os que fizeram parte do espaço cultural Arquipélago.
Quais são as piores consequências da falta de crítica de arte em Santa Catarina?
Acho que não falta apenas crítica de arte; precisamos de mais colecionadores, curadores, museus, galerias, prêmios, ou seja, de agentes, instituições e ações que legitimem a arte. Com esta lacuna os artistas locais encontram uma enorme dificuldade para ter seu trabalho reconhecido, mesmo aqui. Alguns acabam fazendo carreira fora, como é o caso do Ivens Machado, no Rio, e do Walmor Corrêa, em Porto Alegre. Outra consequência ruim é que alguns artistas com forte apelo decorativo e de marketing conseguem ocupar espaço na mídia e no mercado de arte maior do que mereceriam.
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Como contornar isso?
Uma das formas é promover o intercâmbio cultural: levar artistas daqui pra fora de Santa Catarina e trazer exposições de artistas de fora pra cá. Assim o público tem a chance de compreender quem é quem na arte catarinense e na arte brasileira.
E o trabalho dos seus pais juntando arte e moda?
Nos anos 1960 a Rhodia foi pioneira ao reunir nomes do primeiro time da arte brasileira para criar estampas para seus desfiles de moda. Entre os artistas que participaram do projeto estavam Tomie Ohtake, Alfredo Volpi, Francisco Brennand, Carlos Vergara, Manabu Mabe, Nelson Leirner e meus pais Nicolas Vlavianos e Teresa Nazar. Os140 vestidos apresentados nos desfiles da Rhodia hoje fazem parte da coleção do Masp, em São Paulo.
Passar pelo Parque da Luz, em São Paulo, e ver esculturas do seu pai emociona você? Ele chegou ao Brasil em 1961 para representar a Grécia na Bienal de São Paulo. Aqui se instalou e se tornou, nas palavras do grande historiador de arte Walter Zanini, “membro do círculo de valores principais da escultura moderna no Brasil”. Não tem como não me orgulhar do meu pai escultor quando vejo uma de suas obras públicas espalhadas pela cidade de São Paulo.
Quais são os erros mais comuns ao decorar a casa com obras de arte?
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Um deles é querer combinar as cores da obra de arte com o ambiente – almofadas, tapetes, colchas -, o que acaba “matando” a obra de arte. Outro é o de colocar várias obras de um só artista no mesmo ambiente. Um terceiro erro comum é gastar todo o orçamento com o mobiliário e no final não sobrar verba suficiente para adquirir obras de arte de qualidade.
Arte de verdade é…
A arte é o legado de uma época, é aquela que permanece através dos tempos. O artista de verdade é aquele que tem a necessidade e a capacidade de expressar sua visão de mundo de maneira original e única através da pintura, dança, escultura, literatura, música, cinema, teatro… Como disse Ferreira Gullar, “a arte existe porque a vida não basta!”.