Um mutirão reuniu estudantes de universidades, professores, integrantes de projetos ambientais e outras instituições como Bombeiros Voluntários, Marinha e Polícia Militar para realizar a limpeza de oito ilhas situadas na Baía da Babitonga, na região Norte de Santa Catarina. A ação aconteceu durante a manhã desta quarta-feira como parte da programação de São Francisco do Sul para a Semana Mundial do Meio Ambiente.

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Foram coletados 800 quilos de resíduos nas ilhas, entre pequenos plásticos, garrafas pet, além de objetos maiores como fogão, estante de metal, cadeira plástica e mola de colchão. A limpeza das ilhas acontece durante todo o ano, mas a ação realizada no Dia Mundial do Meio Ambiente buscou chamar a atenção da população para a importância de preservação das áreas naturais, sobretudo a Baía da Babitonga, que é abrigada por seis cidades da região.

Os voluntários saíram de barco da região do Centro Histórico de São Francisco do Sul e realizaram a limpeza durante aproximadamente três horas. Cada barco voltou com sacos cheios de resíduos que são deixados nas ilhas por turistas ou são originários de embarcações, da ausência de coleta seletiva e tratamento de esgoto.

Foram coletados 800 quilos de resíduos nas ilhas
Foram coletados 800 quilos de resíduos nas ilhas (Foto: Salmo Duarte, A Notícia)

A professora aposentada e integrante do Clube de Desbravadores Cruzeiro do Sul, Magda Canabarro Vidal, foi uma das voluntários que participaram do mutirão. Ela trabalha com a conscientização social e ambiental de crianças e adolescentes no clube e viu a ação como uma oportunidade de fazer a diferença.

— Nós encontramos bastante coisa na ilha. Achamos incrível porque as pessoas deveriam ter essa conscientização. Se eles vêm aqui acampar e aproveitar esse ambiente, também deveriam cuidar e preservar. É uma responsabilidade de todos e não apenas dos ambientalistas ou da Prefeitura.

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O secretário de meio ambiente de São Francisco do Sul, Gabriel Daniel Conorath, destacou a importância do envolvimento de representantes de Balneário Barra do Sul, Itapoá e Joinville na ação de limpeza. Segundo ele, 66% da Baía da Babitonga pertencem ao município francisquence. O restante faz parte das demais cidades da região.

— É uma responsabilidade de todos. Um compromisso coletivo que cada munícipe que vive no entorno da Baía e aqueles que nos visitam também de somar nessa estratégia de cuidar e de conscientização — destacou.

O secretário salientou que a separação dos resíduos recicláveis é um problema de todo o Brasil e se cada pessoa separar o seu resíduo vai ajudar o meio ambiente e as cidades da região. Segundo ele, aquilo que o morador não cuida dentro de casa pode acabar nas águas da Baía da Babitonga e ajudar a causar problemas graves para diversas espécies que vivem no local.

Além do mutirão de limpeza, a Secretaria do Meio Ambiente também vai participar neste sábado de uma caminhada internacional da natureza. Os interessados em fazer parte da ação podem comparecer no Parque do Acaraí, às 9 horas.

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Baía da Babitonga é berçário de diversas espécies

O professor Cláudio Tureck, do departamento de biologia marinha da Univille, participou do mutirão durante a manhã desta terça-feira em São Francisco do Sul. Ele salientou a importância de chamar a atenção para os cuidados com a Baía da Babitonga, um ecossistema muito importante para a reprodução e manutenção das espécies marinhas.

Segundo ele, 70% dessas espécies dependem de regiões de estuário como a Baía da Babitonga para se reproduzir, com o desenvolvimento de ovos e larvas e das formas jovens de moluscos, crustáceos e peixes. Além disso, também é importante para a reprodução de pássaros e aves migratórias.

Os voluntários saíram de barco da região do Centro Histórico de São Francisco do Sul e realizaram a limpeza durante aproximadamente três horas.
Os voluntários saíram de barco da região do Centro Histórico de São Francisco do Sul e realizaram a limpeza durante aproximadamente três horas. (Foto: Salmo Duarte, A Notícia)

Tureck ressaltou que a baía vem sofrendo vários tipos de pressões durante as últimas décadas, desde o fechamento do Canal do Linguado há cerca de 80 anos, passando pelo lançamento de efluentes industriais até o problema da falta de saneamento básico das cidades.

Um projeto da Univille de monitoramento na baía já encontrou diversos organismos mortos por toda a parte, desde Itapoá até o Balneário Barra do Sul. São encontradas grandes quantidades de plástico no estômago de tartarugas, por exemplo. Elas observam o material no ambiente e confundem com os alimentos, ingerindo o lixo e causando a morte.

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— Chegamos a encontrar um quilo de plástico dentro do estômago de uma única tartaruga — contou.

O professor ressaltou a importância do debate sobre a preservação da Baía da Babitonga, já que o ambiente natural tem impacto em diversas atividades, entre elas a portuária, náutica, turística, além da pesca e maricultura. Isso evidencia a importância não apenas ecológica, ms também econômica desse ecossistema.

— A pergunta que temos de fazer é qual a Babitonga nós vamos deixar para as futuras gerações — completou.