Entre o mangue e o morro da Boa Vista, em Joinville, os moradores estão vivendo lado a lado com os hábitos domésticos de uma espécie nada saudável: o bairro é, pelo segundo ano consecutivo, o líder em concentração de focos do Aedes aegypti na cidade.
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Em 2017, já foram detectados 34 casos positivos de larvas do mosquito que transmite a dengue, a febre chikungunya e o zika vírus – dois a mais do que no mesmo período no ano passado. Por isso, na tarde de quarta-feira, começou um mutirão, organizado pela Secretaria Municipal de Saúde para monitorar os focos e orientar a população, com a participação de 30 agentes comunitários de saúde e 20 agentes de endemias, além de funcionários da Guarda Municipal e da Defesa Civil.
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O bairro foi dividido em áreas para que as equipes possam, nas próximas semanas, visitar todos os imóveis e garantir que 100% dos terrenos sejam inspecionados. A fiscalização ocorrerá mesmo que o proprietário não esteja em casa, mas houver acesso ao quintal; ou se houver resistência do dono do imóvel. Amparados pela lei federal 13.301/2016, os agentes, devidamente identificados, podem forçar a entrada, e é por isso que a Guarda Municipal acompanha a ação.
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– Muitas vezes, os agentes conseguiam limpar a área ao redor, mas, por causa de um terreno onde não foi permitida a entrada, voltava a disseminar o foco do mosquito – explica a coordenadora de Vigilância Ambiental, Nicoli dos Anjos.
O bairro já é considerado infestado pela Vigilância, da mesma forma que o Itaum e o Floresta. Os dois não estão no topo da lista porque, com a infestação, agora só são contabilizados os focos em armadilhas colocadas pela equipe de combate à dengue. Se na zona Sul o problema eram os ferros-velhos, no Boa Vista a questão principal está dentro dos terrenos, em lixos domésticos, vasos e potes que acumulam água. As bocas de lobo, caixas de passagem e calhas, que concentram detritos e ficam entupidas, são prioridade nas buscas das equipes que realizam o mutirão.
– É possível perceber que não falta informação. Os moradores sabem onde estão errando e, quando o agente chega, já começam a dar desculpas. Eles realmente não entendem a gravidade das doenças e não estão preocupados com a saúde – diz Nicoli.
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A primeira parada da equipe do agente de endemias Tiago Rodrigo da Silva foi na equina das ruas Aubé e Helmut Fallgatter, onde uma igreja foi montada nas antigas instalações de uma fábrica. Lá, encontraram larvas dentro do bueiro, que foram coletadas para análise. Há seis meses no local, o caseiro Alex da Silva conta que a Vigilância já havia feito outras visitas, mas era a primeira vez que encontravam larvas.
– Agora, com esses dias de calor e chuvas, a água fica parada ali dentro, porque o sistema de esgoto é antigo e a saída de água é mais alta do que o encanamento – diz Alex, que foi orientado a fechar o bueiro com uma tela doada pela Vigilância Ambiental que impedirá a saída e a entrada do vetor após o tratamento com larvicida, feito pela equipe.