Aílton Graça tem muitas semelhanças com Mussum, a quem dá vida na cinebiografia Mussum – O Filmis, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (2). Ambos têm uma forte relação com o samba, vêm da periferia e tiveram várias profissões antes de encontrar no humor um chamado para a arte.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp 

A escolha do ator paulista para interpretar o eterno Trapalhão foi quase natural. Ocorreu há cerca de 10 anos, quando o cineasta Roberto Santucci provocou Aílton com a ideia de ele viver seu primeiro protagonista nos cinemas.

— Eu tenho o Mussum como referência — afirma Aílton, em entrevista exclusiva ao NSC Total.

— É muito importante pra gente ter essa referência, de um cara que foi periférico, passou a ser centro, e construiu essa história gigante.

Continua depois da publicidade

Depois de 20 anos de carreira, Aílton chega ao centro das telonas para contar a história de uma das personalidades negras mais conhecidas da televisão brasileira. O filme dirigido por Sílvio Guindane celebra o personagem ícone, adorado pelas crianças dos anos 1980, mas foca na história de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o homem que até a vida adulta tinha outro apelido: Carlinhos.

Ao longo do filme, conhecemos o Carlinhos menino, que ensinou a mãe empregada doméstica a escrever; o Carlinhos adolescente, que ousou largar a carreira militar para ser integrante dos Originais do Samba, um dos maiores grupos do gênero da época; e o Carlinhos adulto, que virou ator quase por acidente, quando precisou fazer uma substituição no programa do Grande Otelo. A partir dessas histórias, a figura de Mussum ganha profundidade.

O intuito é quebrar alguns dos boatos que envolvem a vida pessoal do carioca. Há quem diga, até hoje, que Mussum morreu de cirrose, que não deixou nada para os filhos e que não se posicionava racialmente. Mussum, O Filmis tenta mostrar um outro lado.

— Tem muita coisa da sensibilidade desse Antônio Carlos Bernardes, que deu vida ao Mussum. Essa figura, do Antônio Carlos de verdade, ela é gigante. Ela é plural. Ela tinha uma vida — diz o ator.

Continua depois da publicidade

— E tinha toda uma construção de chamamento à arte. A arte chamava e direcionava ele o tempo todo. 

Aílton aponta que Mussum, enquanto artista, se deixava levar pelas oportunidades. O filme mostra interações dele com nomes como Elza Soares, Jorge Ben, Cartola e Alcione.

— A construção para o Antônio Carlos chegar no Mussum passa pela referência de grandes artistas. Então quando Grande Otelo dá a ele o apelido de Mussum, por um período ele fica bravo, e aquilo faz com que o apelido pegue. Mas ele entende aquilo e passa a ser chamado de Mussum. Se deixa levar por essa experiência.

Grande produção

Em termos de produção, Mussum, O Filmis chama a atenção por sua grandiosidade. São vários cenários, que reconstituem desde a vila onde Mussum passou a infância até o set de filmagem da Escolinha do Professor Raimundo.

Continua depois da publicidade

O time de atores inclui nomes conhecidos, como Aílton, Neusa Borges, Cacau Protásio (ambas interpretam dona Malvina, mãe do humorista, em diferentes fases) e Cinnara Leal, além de figuras emergentes na cena artística, como o comediante de stand-up Yuri Marçal (que ganhou um prêmio no festival de Gramado por sua interpretação da versão jovem de Mussum), o ator mirim Thawan Lucas e a atriz Késia Estácio, no ar na novela Elas por Elas.

Assim como o elenco, a equipe por trás das câmeras é majoritariamente negra. A ideia é mostrar a potência da arte popular, a partir de uma história com a qual todo mundo consegue se identificar. O tom é leve, bem-humorado e com altas doses de memória afetiva.

— O jovem, hoje, sabe da importância da gente reconstruir a nossa própria história. Para isso a gente precisa visitar o passado para ressignificar o presente — afirma Cinnara Leal, ao NSC.

Continua depois da publicidade

Não à toa, Mussum, O Filmis foi o grande vencedor do Festival de Gramado deste ano, conquistando, no total, seis Kikitos — incluindo os disputados prêmios de Melhor Filme, Melhor Ator e Júri Popular. Recuperando a história de um artista que marcou uma geração, o filme tem tudo para emocionar também o público:

— Esse filme fala de amor, esse filme exala amor. Então, corra para o cinema para assistir Mussum, O Filmis! — aconselha Aílton Graça.

Leia também

Cores de Aidê celebra turnê no México: “aproximar o mundo da arte catarinense”

Trabalhadores de app em SC trabalham menos e ganham quase 21% mais que a média nacional

Conheça os filmes vencedores da 22ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis