Deison Freitas, 34 anos, que morreu de coronavírus nesta terça-feira (7) em Tubarão, no Sul de Santa Catarina, era músico e professor. Fã declarado de MPB, ele cantava, tocava violão e também compunha. No começo do ano, gravou o último trabalho autoral, uma canção de amor, ainda inédita, que planejava lançar em breve junto com um clipe.
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O músico do Sul catarinense morreu na madrugada desta terça-feira, depois de passar mais de duas semanas internado na UTI do Hospital Nossa Senhora da Conceição. A morte por Covid-19 foi confirmada pelo Governo de Santa Catarina à noite. Outras 14 pessoas já morreram por conta da doença no Estado. Deison é um dos mais jovens, junto com um homem de 32 anos que morreu no sábado (3), morador de São Ludgero, também no Sul.
Natural de Porto Alegre, Deison Freitas começou a tocar violão aos 6 anos de idade, influenciado pelo pai. Aos 14, iniciou a carreira de músico em bandas de baile no Sul de Santa Catarina. Ele era graduado em Música e em Artes Visuais, e há cerca de 10 anos também atuava como professor em uma escola de música de Tubarão. Em paralelo, seguia nos palcos, tocando e cantando em bares e eventos.
— Ele tocava violão, guitarra, e um pouco de saxofone e bateria também. Era um cara excepcional, sorridente, brincalhão, gente boa. Era uma pessoa alto astral — comenta o produtor musical Marco Oliveira.
Deison e Marco eram amigos há mais de uma década e trabalharam juntos no primeiro trabalho do músico de Tubarão, o EP "Primeira Página", de 2014, produzido por Marco Oliveira. No começo de 2020, voltaram a gravar. A música foi “O que ela tem”, a canção de amor que Deison planejava divulgar em breve.
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O produtor e amigo conta que o músico estava empolgado com o lançamento e já tinha gravado imagens para o clipe que pretendia lançar. Depois, a ideia era gravar um disco de samba, com algumas músicas que já estavam compostas.
— Nossa aproximação se deu pelo trabalho, pela música, pelo sonho, pelo amor. Frequentávamos um a casa do outro, conversa fácil, boa música e camaradagem. É muito triste. Agora, fica o sonho, junto com a saudade e a vontade de um mundo melhor que compartilhávamos — diz Marco Oliveira.

Primeiro diagnóstico apontou amigdalite
O amigo também conta que Deison procurou um médico semanas atrás após uma dor de garganta que não passava. Ele teria recebido o diagnóstico de amigdalite e voltado para casa. Mas os sintomas se agravaram, ele retornou ao hospital e precisou ficar internado.
Em nota, o Hospital Nossa Senhora da Conceição relatou que Deison estava internado na unidade de saúde desde o dia 19 de março. O resultado do exame que confirmou o diagnóstico de coronavírus foi divulgado no dia 23. O hospital também relatou que o paciente era tabagista, mas que não apresentava doenças associadas que pudessem agravar o quadro.
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“O paciente masculino, de 34 anos, estava internado na UTI desde o dia 19 de março (…) O mesmo era tabagista, mas não apresentava nenhuma doença pré-existente. O HNSC é solidário e está prestando toda a assistência à família, bem como seguindo todos os protocolos recomendados pela Organização Mundial de Saúde”, divulgou o hospital.
O corpo de Deison foi velado numa cerimônia rápida em Tubarão nesta terça e, depois, seguiu para cremação. Nas redes sociais, amigos e familiares se despediram compartilhando trechos de apresentações do músico.
Santa Catarina soma até o momento 457 casos de coronavírus, segundo a última atualização feita pelo governo, na noite desta terça. A cidade com mais casos é Florianópolis, onde 114 pessoas já foram diagnosticadas com a Covid-19.