Uma notícia publicada no site de humor MeiuNorte.com se espalhou no Brasil e causou revolta em muita gente. O texto dizia que o Sindicato dos Comerciários de Teresina (PI) havia obtido na Justiça uma liminar proibindo o disco natalino Simone 25 de dezembro em todos os estabelecimentos comerciais da cidade. O objetivo era poupar clientes e funcionários do desconforto de ouvir, mais uma vez, as músicas que embalam os Natais dos brasileiros desde 1995.

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A história, claro, era uma piada. Porém, muitos a tomaram como verdadeira – e ficaram indignados. Para esses, a ceia não estará completa sem Noite feliz.

– Essas músicas representam a festa, são tradicionais como ela – afirma Claudia Malschitzky , diretora do Instituto HSBC Solidariedade, que coordena o Coral de Natal do banco, em Curitiba (PR).

O grupo, formado por 160 crianças carentes, é um dos mais famosos do país, e as apresentações deste ano terão como tema o poder transformador da música.

– O Natal representa a solidariedade. Nós nos doamos, nos abraçamos. O brasileiro é movido pelo coração e a flecha das músicas natalinas vai direto nele – explica.

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É essa capacidade de tocar as pessoas que faz de canções como Jingle bells produtos tão rentáveis. O disco da cantora Simone, por exemplo, é seu maior êxito na carreira, tendo vendido mais de 1,2 milhão de cópias até hoje. As gravadoras, porém, têm certo receio de investir em produtos temáticos de artistas nacionais.

Segundo Rodrigo Ratto, diretor de vendas da Universal Music Brasil, o mercado brasileiro não aposta em títulos sazonais por considerá-los perecíveis, com data de validade ligada à comemoração.

– Alie isso ao receio de que o disco não gire o suficiente no ponto de venda, e que haja sobra de estoque após o período – reflete.

Com isso, a maior parte dos lançamentos fica por conta de estrelas internacionais. Este ano, por exemplo, artistas díspares como o cantor teen Justin Bieber e a banda de rock The Killers deram suas contribuições para o espírito natalino.

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O diretor de vendas acredita que o consumidor de músicas natalinas é justamente aquele que compra por impulso, tomado pelo espírito da época. Entretanto, ele crê que, com exceção do filão religioso, há poucos artistas brasileiros com potencial para lançar um disco natalino. Político, ele prefe não citar nomes. Ainda bem que há muitos cantores amadores que não querem saber de sucesso comercial, apenas de soltar a voz nesta época do ano.