Musical é coisa de norte-americano. Pensamento simplista, mas prudente, ao pensar no gênero teatral que virou mainstream com a Broadway. Ao seguir para o Teatro Bradesco, em São Paulo, com esse preconceito, o público se surpreenderá com a produção brasileira de New York, New York. O espetáculo, estimado em R$ 5 milhões, é impecável.

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Cada detalhe leva o espectador até os Estados Unidos dos anos 1940, do pós-guerra e da era das big bands. Os 400 looks remontam uniformes de marinheiro, militarismo do exército e o glamour dos vestidos de cintura bem marcada, em tons superatuais como o vermelho. Juan Alba, no papel do saxofonista Johnny Boyle, convence. Já Alessandra Maestrini, como a cantora Francine Evans, encanta! Para quem guarda na memória a Bozena, de Pato Branco, personagem do seriado Toma Lá, Dá Cá, na Globo, Alessandra mostra que é uma atriz que vai além da comédia. Dá um show de musicalidade e interpretação.

Francine e Johnny protagonizam o musical – a primeira montagem mundial para o teatro do livro homônimo de Earl Mac Rauc. Curiosamente, até hoje New York, New York tinha sido adaptada apenas para o cinema, em 1977. Diferentemente do filme, que tende ao drama, a produção brasileira tem uma levada de humor, com algumas piadas bem acabadas e outras que ficam fora de contexto, como a do Lexotan, por exemplo, contemporânea demais para um clima tão quarentinha.

Apesar do universo nova-iorquino, há um toque de molejo brasileiro nas coreografias, o que se nota logo na primeira cena – uma comemoração pela vitória em uma batalha da guerra. Um número em homenagem a Carmen Miranda, novamente remete ao Brasil.

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A atriz Simone Gutierrez é uma coadjuvante de peso e arranca as melhores risadas do público. Também participa de números de sapateado (em um deles, os bailarinos reproduzem os sons de uma locomotiva). Há cenários móveis e gigantes que fazem as vezes de quartos de hotel.

Desde que estreou em abril, New York, New York já foi visto por 35 mil pessoas (temporada vai até 3 de julho), um sucesso de público que mostra que os brasileiros curtem musical – ainda mais se a produção primar pela excelência.

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www.newyorknewyork.com.br