Gabriel Valim é tipo artista famoso: entre ensaios, shows e gravações de programas de TV, ele viaja quase o tempo todo e raramente visita a cidade de Sombrio, no Sul de Santa Catarina, onde mora. Amparado por um pelotão de assessores, só costuma conceder entrevistas por telefone após as 13h.

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Depois de musicar as peripécias de Valdirene (Tatá Werneck) em Amor à Vida com Piradinha, o cantor – e compositor – lança agora mais um candidato a refrão da temporada: Tipo Jurerê.

A música em que descreve a suposta moradora da área internacional do bairro – uma mistura de dondoca do litoral com grife ambulante – é a 13ª faixa do CD Gabriel Valim, lançado na semana passada. A ideia da letra veio de uma nova gíria ouvida em São Paulo.

– Falar que algo é “tipo Jurerê” significa que é top, que é internacional. Fiz pensando no verão de Santa Catarina. É uma música pra galera curtir e tocar nas festas – descreve Valim, que criou a composição enquanto estava dirigindo seu carro.

Opiniões divididas

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Em poucos dias de publicidade, o que no mundo virtual equivale a séculos inteiros, a canção já angariou tanto gargalhadas quanto narizes torcidos entre os habitantes da Ilha – estes últimos preferem lamentar por mais esta afronta à “boa música”. Já para Gabriel, o negócio é menos fundamentalista.

– Quando a música gera essa polêmica, quando todo mundo procura saber e comentar, é porque é um sucesso. Tenho várias letras com conteúdo, românticas, que falam de amor. Mas música de balada é simples. Ninguém vai pra balada pra ficar pensando, vai pra se divertir – defende ele, que também compôs Gatinha Assanhada e As Mina Pira na Balada, do repertório do cantor Gusttavo Lima.

Esta não é a primeira vez que um compositor se baseia na dupla mulher + Floripa para criar uma letra de música – exemplo é o nativo Reggae da Tainha (Sereia Manezinha) de Waldir Agostinho, popularizado em 2010 com um videoclipe de figurino kitsch.

A versão dos beach clubs, porém, parece despertar um certo incômodo – de melodia simples, ela associa a vida em Jurerê ao consumo de luxo e ao culto à beleza, o que representaria a perpetuação de um estereótipo grosseiro. Valim se defende:

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– Eu não quis dizer que as mulheres que moram em Jurerê têm uma vida vazia. Eu quis dizer que quem mora em Jurerê pode ter essa vida tranquila, pode curtir o dia da maneira que bem entender. Está numa posição em que não precisa mais ficar trabalhando o dia inteiro.

Ainda não está certo, mas é possível que até o final da temporada o cantor apareça em carne e osso pela Ilha para seu show ultrapop. Enquanto isso, não vai faltar aparelho de som para repetir mais uma vez o já “inesquecível” verso que dá nome à música.

> Confira a música na íntegra:

> Versão ilustrada da letra de Tipo Jurerê: