Uma cidade com mais de 150 anos de história tem muito a contar. E as principais delas podem ser encontradas no Museu Histórico de Itajaí. O próprio prédio que abriga as exposições de curta, média e longa duração foi local de grandes decisões tomadas desde o início do século 20. O local é roteiro certo para turistas e moradores que se interessam por conhecer um pouco mais as origens da cidade.
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O museu fica na Rua Hercílio Luz, na esquina com a Avenida Marcos Konder. Ele abriga exposições de grande (até cinco anos) e pequena duração (cerca de seis meses).
O acervo todo tem aproximadamente 10 mil peças, mas apenas 2% ou 3% delas estão acessíveis para os visitantes, como explica Marco Antônio Ballester, que é historiador e trabalha no museu. Algumas delas foram doadas para o Museu Etno-Arqueológico, que fica no Bairro Itaipava.
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– Muitas peças fica na sala de reserva técnica. E não significa que elas não vão para a exposição, já que a gente troca os temas com certa frequência – explica Marco Antônio.
Os dois primeiros meses do ano são os que mais registram visitantes. Em janeiro e fevereiro, foram cerca de 2 mil pessoas visitando o espaço. Resultado da chegada de cruzeiros e também de turistas que visitam a região. Agora, com o início do ano letivo, o público muda e são os alunos das escolas da região os que mais aparecem.
– Acreditamos que até o fim do ano pelo menos 20 mil pessoas passem por aqui – comenta Marco Antônio.
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No dia da visita da reportagem, um grupo de argentinos aproveitou para conhecer um pouco da história da cidade. O engenheiro Roberto Henrion e a dona de casa Lilian Marsero, de Buenos Aires, visitam a região pela primeira vez e gostaram muito do que viram.
– A gente costuma visitar sempre os museus nas cidades que passamos. E deu para perceber que a história dessa cidade é muito bonita – disse ela.
Ela questionou o fato de as explicações dos objetos estarem apenas em português, apesar disso disse que conseguiu entender bem. Sobre essa situação, o museu tem hoje as regras traduzidas para o inglês e até o alemão (em virtude da quantidade de navios vindos da Europa e que atracam no porto). Marco Antônio disse que ainda não é possível afirmar se haverá traduções para outras línguas:
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– Existe a ideia de se fazer isso, especialmente porque nossa região recebe muitos turistas da América do Sul. Mas isso precisa ser estudado ainda.
Prédio dos três poderes
O prédio onde se encontra atualmente o museu é um dos mais conhecidos da cidade. Chamado também de Palácio Marcos Konder ele foi construído para abrigar os três poderes de Itajaí no mesmo lugar. Inaugurado em 22 de outubro de 1925, abrigou a prefeitura no térreo e no subsolo e o Fórum e a Câmara de Vereadores ficavam no piso superior.
Por pelo menos 30 anos os três ficaram por lá. Mas conforme ia aumentando a demanda, começaram as mudanças. A primeira foi do Judiciário, que deixou o prédio na década de 1950. Depois, foi o Executivo, que saiu em 1972. E somente em 1999 é que o Legislativo deixou o local. Entre a saída da prefeitura e da Câmara, foi criado o museu, em 1977.
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Teve como maior apoiador o colecionador João Amaral Pereira, considerado até hoje uma espécie de patrono do museu. A montagem demorou um pouco e o espaço só foi inaugurado no dia 5 de janeiro de 1982, ocupando o térreo e o subsolo, com os vereadores atuando no piso superior até o espaço ser destinado totalmente ao museu.
Mas quem visita a exposição do piso superior ainda pode ver um pouco do que sobrou do legislativo. As cadeiras do local ainda têm o selo do fabricante e são contemporâneas à construção do prédio.
– Uma das peças do arquivo público é um diário de obras escrito pelo próprio Marcos Konder em que aparecem a compra das cadeiras – disse Marco Antônio.
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Objetos, imagens e personagens
A exposição começa no piso térreo, com vários objetos que lembram a história do desenvolvimento de Itajaí. Entre os que chamam a atenção está uma câmera fotográfica conhecida como lambe-lambe e um telefone antigo, muito parecido com o modelo criado por Alexander Graham Bell.
Há também espaço para lembrar a história do Porto, como o molde de cabeço (local onde os barcos eram amarrados), miniaturas dos primeiros navios e fotos antigas. Entre as imagens, chama a atenção a de um petroleiro em chamas, registrado em 1965, uma das histórias mais conhecidas e dramáticas de Itajaí.
Como a embarcação estava atracada, o capitão Odilio Garcia levou o navio até o meio do rio e acabou morrendo queimado, um gesto nobre que evitou que as chamas chegassem até a base do porto, onde se localizavam os depósitos de várias companhias petrolíferas.
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No subsolo, uma das exposições de média duração, que mostra um pouco da história da moda na cidade, especialmente das mulheres. Um dos mais representativos é o vestido de noiva de Rosi Lins Bornhausen, usado no dia 18 de dezembro de 1956 e feito com tecido francês no Rio de Janeiro.
Há ainda duas salas no térreo, uma abrigando móveis que eram da casa do poeta Marcos José Konder Reis e outra conta um pouco da história do ciclo da madeira e da ferrovia que cortava a cidade. No segundo piso, o visitante é “recepcionado” por personagens históricos representados pelos bustos dos mesmos, como Lauro Müller, Irineu Bornhausen e o eterno ministro Marcos Konder.
Há também um espaço reservado para símbolos religiosos e para Simeão, considerado o primeiro escravo de Itajaí. E na sala onde funcionava a Câmara de Vereadores, há um vídeo que mostra a história da cidade através das pessoas que dão nomes às principais ruas da cidade. Uma oportunidade também para os moradores se apaixonarem um pouco mais pela Itajaí em que nasceram ou escolheram para viver.
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Nova exposição
A direção do museu já prepara uma nova exposição que deve estrear em maio, quando se comemora o Dia Internacional do Museu. Segundo Marco Antônio, ainda não foi definido o nome, mas o tema está sendo desenvolvido.
– A ideia é explorar a história dos prédios antigos da cidade. Queremos mostrar as técnicas de construção e restauro para imóveis como este – acredita.
Além disso, estão sendo preparadas oficinas e uma das possíveis é sobre documentação de acervos históricos. O Dia Internacional do Museu é comemorado no dia 18 de maio, quando museus do Brasil inteiro promovem eventos para a comunidade.
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Como chegar
Fica no Centro de Itajaí, na esquina da Rua Hercílio Luz com a Avenida Marcos Konder. Se for de carro, o indicado é estacionar nas imediações da Igreja Matriz.
Serviço
Horário de funcionamento: De terça a sexta-feira, das 8h às 18h; sábado, das 9h às 13h; e domingo das 14h às 18h
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Entrada: gratuita
Dicas do Sol
– Leia bem as regras do museu, entregues pelas recepcionistas, ao entrar no museu
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– Deixe as mochilas e bolsas em um armário que fica no próprio museu, para evitar que elas esbarrem e derrubem as peças
– Todos os espaços e peças estão descritas e vale a pena ler cada uma delas
– Vá com tempo também para assistir aos três vídeos que são exibidos em lugares diferentes do museu
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– Um conta a história das enchentes da região, outro da ferrovia e o último explica quem são os personagens que dão nome às principais ruas da cidade