O Museu Arqueológico de Sambaqui (Masj) recebe a visita da arqueóloga italiana, Alice Toso, pesquisadora do projeto internacional Tradition que estuda o desenvolvimento a longo prazo da pesca artesanal de pequena escala na América do Sul. Ela fica até sexta-feira (21) na cidade.
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Financiado pela União Europeia, por meio do European Research Council, e realizado com apoio de instituições internacionais, como a Universitat Autónoma de Barcelona (Espanha) e pela University of York (Reino Unido); o projeto foi iniciado em 2019 e deve ser concluído em aproximadamente cinco anos. De acordo com Alice, o objetivo é analisar o desenvolvimento da pesca e o seu impacto na costa atlântica brasileira a partir das cronologias mais antigas, como os sambaquis, até as cronologias mais recentes do século XIX.
– Queremos perceber as transições entre as populações, os contatos dos sambaquis com grupos europeus, como essas transições afetaram a pesca, se a exploração da atividade foi sustentável durante o período pré-histórico e deixou de ser em períodos mais recentes – explica.

Na costa brasileira, um dos territórios de investigação do projeto Tradition, a maior parte do material arqueológico está concentrada na região Sul. E, em Santa Catarina, a Baía da Babitonga é um dos mais importantes sítios arqueológicos devido à quantidade de sambaquis que concentra e, também, pelo fato de a região manter as atividades pescatórias até a atualidade.
Em Joinville, o Museu Arqueológico de Sambaqui oferece aos pesquisadores grande quantidade de material, como ossos humanos e cerâmicas, a partir do qual podem ser obtidas informações sobre dieta e hábitos alimentares das populações mais antigas. Para isso, centenas de peças pertencentes ao acervo do Masj serão encaminhadas para a Espanha e submetidas às análises científicas.
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Durante a sua visita ao Masj , Alice Toso tem a tarefa de fazer o arrolamento, ou seja, a identificação desse material. Depois de fotografar e pesar cada uma das centenas de peças selecionadas, a pesquisadora e a equipe do Masj solicitam ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a emissão da portaria que autoriza a remessa do material para o exterior.
Estudo paralelo
Além do trabalho para o projeto Tradition, a pesquisadora internacional está aproveitando a riqueza do acervo do Museu Arqueológico de Sambaqui para a realização de um estudo por meio da técnica ZooMS, que permite identificar a espécie de animal utilizado na produção de objetos como adornos, peças decorativas, artefatos ou ferramentas.
MASJ é referência internacional
Para a coordenadora do Museu Arqueológico de Sambaqui, Roberta da Veiga, ser fonte de pesquisa para um projeto como o Tradition é, mais uma vez, reforçar o nome da instituição como referência internacional no setor.
– É muito positivo para o Masj ser referência de acervo para pesquisas que são de interesse da comunidade científica internacional. Estamos fornecendo dados muito importantes sobre assentamento humano, desenvolvimento, alimentação e tecnologias empregadas – comemora.
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Como arqueóloga e pesquisadora, Alice Toso também declarou-se entusiasmada com o material encontrado.
– É uma maravilha! Temos muitas informações arqueológicas e pesquisas preservadas com informações de contexto.