Os três grandes galpões do Museu da Imigração, às margens de um canal em Hamburgo, não chamam muito a atenção ao olhar do lado de fora. Mas basta pisar em um deles para entrar em uma máquina do tempo. O Ballinstadt – como é conhecido por lá – está justamente na cidade que foi o ponto de partida de milhões de alemães à procura de um recomeço, e retrata como era difícil a vida daqueles que escolhiam pela viagem ao Novo Mundo.

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Logo no primeiro espaço, sons tomam conta do ambiente. O barulho das ondas e da água batendo no casco de um navio vêm de caixas de som, claro, mas trazem um realismo ao ambiente escuro, e até mesmo melancólico. Lá, a maquete de embarcação mostra em dimensões reduzidas os detalhes daquele que era o meio de transporte de um lado para o outro do Oceano Atlântico.

E não para por aí. Logo em seguida, um amplo cômodo traz fotos, objetos, e frases de imigrantes estampadas de baixo até o topo das paredes. São trechos de cartas de pessoas que relatavam condições, experiências, saudade.

Porto de Hamburgo, de onde saíram milhões de alemães.
Porto de Hamburgo, de onde saíram milhões de alemães. (Foto: Augusto Ittner)

– Eram pessoas que tinham duas alternativas. Ou ficavam com as condições possíveis na Alemanha, ou buscavam essa vida nova. E foi isso que 250 mil pessoas fizeram a partir do século 19, quando escolheram o Brasil como segunda pátria. Tiveram que reinventar a vida, tal como ocorre até hoje – sustenta o historiador Toni Jochem.

Em outro espaço do museu está a réplica do compartimento de um navio onde os imigrantes dormiam. Com pequenos beliches amontoados, o principal desafio era conseguir esticar as pernas para buscar algum conforto. O espaço, ínfimo, era o lar por longos períodos e muitos tinham de lidar com a fome, com falta de higiene básica, doenças. Na opinião da professora Mariana Deschamps, esse cenário é a prova do quão difícil era a escolha de deixar a Europa.

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– A decisão de milhares de europeus de deixar a Europa através dos portos de Hamburgo ou Gênova e permanecer por dois ou três meses e optar um novo lugar para viver, era uma escolha entre uma série de possibilidade que a conjuntura vivenciada por cada imigrante oferecia. Era uma decisão complexa a ser tomada – completa a historiadora e professora da Furb.

No Ballinstadt, 1,5 mil objetos originais, englobando até mesmo propagandas da época, estão preservados. São 2 mil metros quadrados que têm até espaços interativos onde o visitante pode pesquisar sobre a história da própria família.

Miniatura de um navio usado para o transporte de imigrantes.
Miniatura de um navio usado para o transporte de imigrantes. (Foto: Augusto Ittner)

Como descobrir sobre meus antepassados?

Hoje em dia, com a internet, ficou mais fácil para descobrir sobre antepassados, estudar a própria família, desenhar árvores genealógicas. Confira abaixo algumas formas de encontrar informações e pesquisar sobre genealogia:

Arquivo Histórico de Blumenau

O site do Arquivo Histórico Professor José Ferreira da Silva mantém um acervo com milhares de documentos, incluindo um índice onomatopeico onde a pessoa pode pesquisar pelo próprio sobrenome. O sistema é gratuito e basta fazer um simples cadastro para ter acesso.

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Family Search

Mantido pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o site é uma das maiores organizações de pesquisa genealógica do mundo. Boa parte do acesso é feito de forma gratuita, e é possível buscar informações de todos os cantos do mundo.

Billion Graves

O site armazena imagens e detalhes sobre túmulos em todo o planeta. Nele é possível confrontar informações de nascimento e morte, o que ajuda a descobrir sobre antepassados. É totalmente gratuito.

MyHeritage

Site que facilita a construção da árvore genealógica e cruza dados de pessoas com informações em comum, facilitando que pesquisadores com parentes em comum possam ampliar o conhecimento sobre a família.

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