Maior acervo particular de Santa Catarina, com aproximadamente 48 mil itens entre móveis, utensílios domésticos, ferramentas, fotos, documentos, revistas e jornais, o Museu Histórico Thiago de Castro, de Lages, acaba de se tornar patrimônio público. A transferência oficial ocorreu nesta segunda-feira e marca uma nova fase na história de uma das cidades mais antigas do Estado.
Continua depois da publicidade
Boa parte dos 245 anos de Lages está contada no museu, fundado em 1943 por Danilo Thiago de Castro e aberto à visitação pública em 1962. Até esta segunda-feira, o local era administrado pela Associação dos Amigos do Museu Histórico Thiago de Castro, responsável pelos salários dos quatro funcionários.
A Fundação Cultural de Lages contribuía com o aluguel do prédio, localizado no Centro da cidade, o pagamento das contas de água, luz e telefone e mais R$ 3 mil por mês.
Só que mesmo assim, o museu vinha enfrentando problemas financeiros e estruturais nos últimos anos. Por várias vezes a associação que o mantinha chegou a anunciar, inclusive, que precisaria encerrar as atividades. E foi aí que o Ministério Público entrou em ação.
Continua depois da publicidade
Para encontrar uma solução definitiva e evitar o fechamento do museu, a promotoria intermediava desde 2008 uma negociação entre a Associação dos Amigos do Museu, a família de Danilo Thiago de Castro – falecido em abril de 2006, aos 86 anos -, a Fundação Cultural de Lages, a Fundação Catarinense de Cultura, a Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Os quatro anos de negociações resultaram em um Termo de Ajustamento de Conduta pelo qual o município de Lages assume todo o museu, da manutenção à revitalização do prédio.
Como era um desejo de Danilo de que a universidade fizesse a gerência técnica e administrativa do museu, a Uniplac entrará como parceira da Fundação Cultural de Lages nesta obrigação. Já a Fundação Catarinense de Cultura deverá acompanhar todo o processo de inventário do acervo histórico.
Continua depois da publicidade
– Depois de várias situações, este é um momento de construção coletiva de uma nova etapa na história do museu – diz a historiadora Carla Souza, de 29 anos e há oito trabalhando no museu.
Pela venda do museu, a família de Danilo Thiago de Castro receberá R$ 1 milhão por meio de duas medidas compensatórias em favor do município – uma por parte de uma empresa que vai se instalar em Lages e outra pela demolição, há alguns anos, de um casarão histórico na cidade.
– Passamos ao poder público um baú de sonhos, desejos e luta de toda a vida do meu pai. O valor em dinheiro que recebemos é simbólico perto do valor afetivo e emocional. Que o acordo seja cumprido à risca para evitar que o museu entre em qualquer jogo ou articulação política – diz o veterinário e empresário Antulius de Castro, de 53 anos, mais novo dos quatro filhos de Danilo.
Continua depois da publicidade