Demitido do Figueirense na última sexta-feira, o ex-diretor de planejamento Murilo Flores rebate as críticas do site oficial do clube na nota publicada sobre o desligamento. Para ele, trata-se de uma tentativa de descredibilizá-lo antes que falasse publicamente sobre a saída. Flores afirma que irá entregar um relatório com os detalhes dos negócios feitos pelo clube no comando do presidente Cláudio Honigman, como negociações de atletas formados na base alvinegra.

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— Foi extremamente desagradável e desnecessário. Se um patrão quer demitir, demite. Mas sei porque isso é feito. Como temos muita informação das coisas como elas estão no Figueirense, a primeira coisa que as pessoas fazem é denegrir a imagem de um possível denunciante. Como se eu fosse ficar batendo boca. Hoje é o último dia que me pronuncio à imprensa a respeito do Figueirense, porque não é meu perfil. Tudo que eu acho que deve ser dito será dito em relatório assinado por mim que será entregue ao conselho — afirma o ex-diretor, que pretende entregar o documento ainda nesta semana.

— No máximo na quarta-feira. Fui demitido na tarde de sexta, refleti e descansei no fim de semana. Nesta segunda-feira algumas conversas com jornalistas, encerro essas conversas e amanhã e quarta é só sentar em frente ao computador e terminar de escrever. Não estou fazendo nenhum denuncismo, apenas um relatório do que está acontecendo no clube. Os conselheiros precisam saber o que está acontecendo no clube — acredita.

Entre as práticas da gestão relatadas pelo ex-diretor Murilo Flores estão a demissão de funcionários do Figueirense sem o pagamento de rescisões, o recolhimento de impostos nas folhas de pagamento sem o repasse para os órgãos federais e as negociações de atletas da base. Sobre este último ponto, no entanto, mantém mistério.

— A gente paga o salário do jogador, retém o imposto de renda, retém o INSS, que é previsto em lei, mas não repassa para os órgãos federais, aumentando as dívidas. Isso está previsto em lei, é grave. Todo esse ambiente é muito ruim. Sobre o futebol, não é de hoje que no Figueirense temos problemas com negócios com a base, mas sobre isso não falarei absolutamente nada. Estará tudo contido no meu relatório — garante Flores, que mantém tom crítico ao presidente Cláudio Honigman.

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— As maiores preocupações são com nosso tesouro, que são os jogadores da base. Mas isso vai constar exclusivamente no relatório. Eu acho que o presidente faz uma confusão por não ser do meio do futebol de que o negócio dele. Ele não fala de futebol ou clube, mas de “business.” Para ele aquilo é negócio, como empresário que é, segundo consta, bem-sucedido. Mas a Elephant não é dona do Figueirense, nem o conselheros são. O Figueirense é da torcida, o dia que ela der às costas ele acaba. Há uma confusão de princípios e valores dentro do clube, que deriva do fato de uma única pessoa achar que é dona de tudo e que tem direito de fazer o que quer. Inclusive decidir quem recebe ou não recebe, mesmo que tenha trabalhado. É uma confusão que está deixando o clube deformado. Se não houver uma reversão, não sei onde isso vai levar o clube. Tenho expectativa que o conselho consiga fazer que o clube tome caminhos mais corretos — completa.

Ouça a entrevista: