Com o anúncio do governo cubano na semana passada sobre a decisão de deixar o programa Mais Médicos, muitos municípios catarinenses estão tendo que administrar a indefinição quanto ao atendimento em saúde da população. Ao todo, são 250 profissionais que atuam no estado e podem deixar o país. Joinville e Navegantes, por exemplo, estudam formas de preencher as vagas deixadas pelo médicos de Cuba.
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A decisão de romper o Mais Médicos foi anunciada pelo governo cubano depois que julgou depreciativas as declarações feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro aos profissionais de Cuba que atuam no Brasil.
Bolsonaro afirmou que o Brasil condiciona a continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade e ao pagamento de salário integral aos profissionais cubanos, enquanto atualmente a maior parte é destinada ao governo de Cuba.
Impacto econômico
Em Joinville, dos 111 médicos que trabalham na atenção básica de saúde, 11 são cubanos. Atualmente, a maior parte dos recursos para remuneração desses profissionais é repassada pelo governo federal.
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Segundo o secretário municipal de saúde de Joinville Jean Rodrigues da Silva, a necessidade de repor as vagas deixadas pelos cubanos terá um custo imprevisto de R$ 3 milhões por ano para a cidade e vai impactar no orçamento da prefeitura.
Compasso de espera
A secretária de saúde de Navegantes, Marluza Trevisan, informou que atualmente atuam no município 9 médicos cubanos e que, diante das informações da ruptura do programa do governo federal, muitos manifestaram o interesse em permanecer na cidade.
Conforme Marluza, desde que o programa Mais Médicos começou em 2013, muitos desses médicos se casaram com brasileiras, e portanto, hoje tem visto permanente no país. Agora, teriam que fazer o Revalida, o exame que legitima o diploma estrangeiro no país.
Ainda segundo a secretária, a cidade aguarda uma manifestação oficial do governo federal sobre o fim do programa para definir como preencher as vagas dos cubanos.
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Além disso, o município tem concurso vigente, com médicos aprovados que poderiam ser chamados.
Outras cidades
A Fecam (Federação Catarinense de Municípios) informou que não tem informações sobre uma cidade catarinense que vá ficar sem nenhum médico com a partida dos cubanos.
A CBN Diário tentou contato ainda com os secretários de saúde de Mafra e Içara, mas não teve retorno até o fechamento dessa reportagem.
Os médicos cubanos devem começar a deixar o programa federal em 25 de novembro e os últimos cubanos devem deixar o país até o Natal.