Milhares de ativistas, indígenas e estudantes protestaram nesta quarta-feira sob chuva leve no centro do Rio de Janeiro, carregando cartazes para exigir mudanças radicais na economia, em uma mobilização convocada paralelamente à cúpula Rio+20. A manifestação, convocada pela Cúpula dos Povos, alternativa à conferência oficial, apresentou diversas exigências: desde deter o desmatamento amazônico e contemplar os indígenas até levar em conta as condições salariais dos funcionários públicos, passando pela reivindicação das minorias.
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A maioria criticava o “fracasso” da cúpula Rio+20, aberta nesta quarta-feira no Riocentro, localizado a 40 km do local do protesto e considerada uma oportunidade histórica para impulsionar um acordo mundial que freie a degradação ambiental do planeta.
– Rio+20 representa um retrocesso e a mercantilização da natureza – disse Ana Elisa Bacellar, funcionária pública de 34 anos que usava um nariz de palhaço e algemas em sinal de protesto.
Ativistas da ONG ambientalista Greenpeace gritavam “quem não pular é ruralista”, em uma crítica direta aos promotores do polêmico Código Florestal, que estabelecerá a porcentagem de florestas que os proprietários rurais devem conservar e que retornou ao Congresso após receber um veto parcial de Dilma. Um grupo de manifestantes levava uma gigantesca bandeira do Brasil com um boneco da presidente Dilma Rousseff carregando duas motosserras. “Código Florestal: Dilma, fantoche ruralista”, dizia um grande cartaz carregado por Eusimar Bones, 27 anos:
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– Apesar do veto (parcial) de Dilma, esta lei é um retrocesso, as florestas perderam feio.
Xavantes da Amazônia trotavam carregando troncos nos ombros, representando um dos jogos indígenas que desejam transformar em esporte mundial. Ao menos 1,6 mil indígenas do Brasil e de vários outros países participam da Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, onde exigem a demarcação e o reconhecimento de suas terras. A manifestação teve ainda um tanque de guerra em tamanho real coberto com centenas de pães para simbolizar a luta contra a violência, a pobreza e a fome.